O sobrinho do Papai Noel

Sim! Havia o Natal. Não diremos que, na época o Natal não era em dezembro. Era. Mas era diferente, como diferente era também dezembro. Aos nossos olhos de meninos, dezembro era melhor do que hoje. Era o mês em que esperávamos a grandiosa festa de Nossa Senhora de Aparecida, no bairro do mesmo nome, que nos afigurava em longe do centro da cidade. Era dezembro, quando aguardávamos a beleza das ruas enfeitadas e os presentes que iríamos receber do Papai Noel.
E o Natal?Ah! O Natal era para nós, que já amávamos tresloucadamente as palavras, a mais mágica de todas elas. Relatando isso, passamos à impressão de que não havia de nossa parte nada além do interesse material pelo Natal, isto é, o recebimento de presentes chegados através de chaminés dos fogões a lenha. Mas, hoje quando evocamos aqueles tempos, a recordação mais viva e intensa é o Largo dos Amores, o centro, o coração de Itapetininga, com várias lojas, bares e padarias, sua vitrines iluminadas e alguns pinheiros carregados de enfeites coloridos. Assim também era a rua Campos Sales, principalmente na padaria Nastri, que ficava na esquina com a rua José Bonifácio e tinha um Papai Noel dirigindo uma bicicleta movida à eletricidade. Na semana que antecedia o Natal, todos nós – meninos e meninas – nos extasiávamos andando pelas ruas. As famílias iam todas lá, passeando garridamente. Todos nós não possuíamos dinheiro, pois nossos pais eram de condições financeiras precárias, razão porque muito pouco do que se mostrava nas vitrines podia ser comprado.
Foi numa daquelas noites que meus amigos e eu, todos ingênuos, presenciamos uma cena que só alguns anos depois iríamos compreender. Estávamos caminhando no final da Campos Sales – espaço de sonhos – e à nossa frente, iam dois rapazes. Um deles apontando o papai Noel, que se encontrava a saudosa Casa Armênia, disse: “Olha lá, aquele ali é o meu tio Guedes”.
Nossa surpresa se transformou em espanto quando o rapaz passando pela frente da loja, cumprimentou o Papai Noel: “Tudo bem, tio João ?”. “Tudo”, respondeu o Papai Noel. “Lembranças lá em casa”
Nem paramos na loja do Karnig Bazarian. Por algum tempo, até que ele continuasse a andar pela agora Virgilio de Rezende, quase na escuridão, seguimos o rapaz chamado João, que a partir daquele momento passava a ser, para nós, a celebridade das celebridades.
Quando contamos a outros garotos o episódio nenhum deles acreditou. Papai Noel com sobrinho. Seriam necessários alguns anos para descobrirmos, com a perda da nossa inocência, que Papai Noel não era um, eram muitos e muitos. Tios de muitos meninos. Tantos quantos a publicidade e a necessidade de vender produtos exigissem e que seus parentes, milhares, se espalhavam pelo mundo.
Nos antigos dezembros, além do mês nos proporcionar os grande jogos finais entre Casi e Associação, depois Derac, ansiosos pelo inicio das férias, acalentávamos o sonho de ver as famílias reunidas comemorando o natal, naqueles de Dezembro e naquelas horas em que o espírito de Natal pacificava a todos e todos viviam na mais completa harmonia e feliz.

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