O Brasil rodou naquelas ruas

Mesmo muitos sabendo – não é sempre que lembramos de fatos ocorridos e que marcaram – convém voltar um pouco no tempo que se esvaiu, para recordar que determinadas ruas de Itapetininga serviram de verdadeiras rodovias, com destaque especial para as sequenciais Padre Albuquerque e Prudente de Moraes, próximas à antiga estação da Estrada de Ferro Sorocabana.
Elas formavam o caminho natural para o sul do país, ou vice-versa, em um contínuo movimento de veículos que pro cediam do norte e nordeste brasileiro e se dirigiam às regiões do sul, como S. Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, atingindo também alguns países vizinhos como Paraguai, Argentina e até o Uruguai.
O aposentado João Batista Pires, ultrapassando hoje a casa dos setenta anos fala, “milhares de veículos passavam a longo daquelas ruas, numa movimentação jamais vista na cidade”. Sua propriedade nas afirmações repousa no fato de que no final de 1940 e décadas seguintes era estabelecido com concorrida oficina de funilaria e pintura. A firma Irmãos Pires esteve em atividade por mais de trinta anos prestando serviços especializados, principalmente a caminhões de grande porte e automóveis de passeio.
Em toda extensão daquelas ruas, um comércio intenso e competitivo se fazia presente diariamente. Bares, armazéns, salões de cabeleireiro, postos de abastecimento de combustíveis, oficinas mecânicas, funilaria, pensões e oficinas de eletrodomésticos. Homens de visão, na ocasião, como Manoel Fogaça (antigo goleiro da Associação Atlética) e Bilô Fogaça, diante da expectativa de bons negócios e colaborando no crescimento da cidade, criaram o legendário “Sacy”, restaurante com o inconfundível prato “lombinho com queijo e pão”, que está completando 60 anos de funcionamento e internacionalmente conhecido, tornou-se um dos mais concorridos da região.

Três postos de gasolina
Pucci, Rossi e Fecha Nunca, além da bomba instalada no restaurante Guanabara, eram muito procurados, enquanto o Bar Fecha Nunca permanecia aberto 24 horas, mesmo em feriados ou dias facultativos (hoje reformado e com grande mo vimentação da juventude). Caminhões como Chevrolet, FNM, Dodge, Volvo, Scania, Mercedes Benz e outros de grande porte, eram admirados e invejados, muitos deles estacionados no entorno do Largo da Santa Casa, sendo que alguns de seus motoristas dormiam debaixo dos veículos, ou na própria cabine, (consideradas confortáveis). Outros preferiam pernoitar nas pensões de d. Ignes ou de seu Gumercindo, ou no restaurante Sta. Helena (seu Frigieri), e Fecha Nunca.
Auto Elétricas como a de Milton Araújo, depois dirigida pelo filho Carlito Araújo (ex-operador de som da PRD-9), a de Roberto Japonês, a do Espanhol, a oficina de Santão (Benedito Rugeri) proporcionava atendimento “rápido e com segurança”, assim como as oficinas de João Nardim e Irmãos Pires.
Nas mesmas ruas engrossava o comércio da área o “Carreta”, antes “Boneca do Meninão”, churrascaria, fundada também por Bilô Fogaça, e o conhecido e famoso Bar pertencente a d. Sofia Aurani, destacando-se o saboroso Chop Escuro e a comida árabe apreciada e disputada por enorme freguesia. Igualmente, foi nessa rua que parte da população de Itapetininga contemplou o definhar de algumas pessoas, detidas na antiga zona de meretrício, por determinação de dois delegados de polícia, e segundo testemunhas “abusando da autoridade”. O fato repercutiu na capital e houve intervenção dos deputados Emílio Carlos e Araripe Serpa, através de comunicado do dirigente político local Rodrigo Marques de Almeida. Sobre estas vias públicas, cabe dúvida, os versos de Fernando Pessoa: “O valor das coisas não está no tempo em que elas duram, mas na intensidade das coisas que aconteceram”. Com a abertura da BR 116, o grande tráfego, que ligava o norte ao sul do país, migrou definitivamente para lá.

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