O Ingênuo, risonho e belo: Era o nosso teatro

Texto publicado no Livro Vivas Memórias – volume 2

Maria e Odete de Souza, Mingo Reis, Júlio e Bruno Pucci, Martinho de Moraes. Tantos outros, considerados então galãs e musas, ornamentavam e movimentavam o cenário teatral da cidade, em anos remotos.
Constituía o tempo romântico e sonhador, dos passeios no Largo dos Amores, nos estudos da Escola Peixoto Gomide, nos bailes memoráveis do “Venâncio”, “Recreativo” e “13 de maio”, nos jogos de futebol entre as agremiações casiana, atleticana e rodoviária, nos cinemas S. José, S. Pedro e Ideal. Eram atividades de lazer e entretenimento – início de um namoro que terminava em casamento e também pausa, refrigério dos trabalhos do magistério, comércio, indústria, no funcionamento das repartições públicas e nas ocupações caseiras e rurais,
O povo, a maioria, comentando a política local envolvem dos partidos, atuação de Prefeitos, Presidentes da República e Governadores de Estado Getúlio, Dutra, Ademar, Garcez, Prestes Maia, Juscelino ou Jânio Quadros. E na memorável PRD-9, a Difusora, entre outros programas atraentes, a “Cortina de Veludo”, o Radioteatro, dirigido por Celso e Geralda Araújo, casal dedicado à arte cênica. Uma audição total garantida semanalmente com peças de autores como Nelson Rodrigues – completando centenário nesta corrente, passando por Pascoal Carlos Magno até Oswald de Andrade.
O teatro apresentado pela emissora assemelhava-se às grandes novelas exibidas diariamente em capítulos pela gigantesca Rádio Nacional do Rio de Janeiro. Cinemas Ideal e S. José foram palcos das grandes apresentações cênicas com a presença de astros do porte de um Procópio Ferreira, Sérgio Brito, Sérgio Cardoso, Dina Lisboa, Fregolenti, com inolvidáveis peças “O Rei da Vela”, “Ratos e Homens”, “Dois perdidos numa noite suja”, “A Capital Federal”, “O homem dos papagaios”, “O inimigo do povo” e outras, consideradas épicas e antológicas. Amadores, sem qualquer interesse material, “nossos artistas se esmeravam nos papéis que desempenhavam. Sob a batuta de Ayres de Souza, gerente da antiga companhia telefônica que operava no município – ele conduzia com arte e sapiência os brilhantes talentos da cidade: Aldo de Oliveira, Zé Prado, Silveira Neto, Vasquito, Néco Araújo, Everaldo Muller, Matilde Terra, Kali, João Simões, Carlos Conceição, José Moraes (Z Galinha), Martinho de Moraes, Vani de Almeida, Celso, Jair e Camilo Badin. Um enorme elenco de artistas brilhando nas peças apresentadas nos palcos dos cinemas e nos salões de festas do “Venâncio”, “Recreativo” e anfiteatro da Escola Normal “Peixoto Gomide”.

Pequeno depoimento de Olga
Em 1946 surge o Grêmio Dramático “Venâncio Aires”, núcleo criado e dirigido por Humberto Pellegrini, depois vereador em várias legislaturas de Itapetininga, conta sua filha, a elegante professora e maestrina Olga Pellegrini.
Formado por associados daquela entidade ensaios realizados na própria sede social, as apresentações eram realizadas nos palcos dos cinemas locais.
Rigoroso nos ensaios, Pellegrini não admitia faltas e só levava à cena a peça que estivesse na “ponta da língua”, de seus participantes. Mais ainda, como garantia, ele fazia o “ponto” para os artistas: entrava no fosso que existia na ribalta. Co locava-se uma cobertura arredondada, de madeira, por cima dela e para não estragar o cenário estendia-se uma toalha sobre a cobertura. Ali ficava durante toda a apresentação da peça e Pellegrini lia “a fala” de cada personagem com voz sussurrante, a fim de auxiliar o artista.
O elenco permanente era formado também por Léa Pellegrini, Nelly Camargo e outros esporadicamente: Paulo Guarnieri de Lara, Margarida Fagnani, a própria Olga, Lélia Messias de Moraes, Ivone de Lara. Na exibição da peça “A Ditadora”, Pellegrini personificou o galã, considerado o ator principal. No repertório peças como “O beijo que era meu”, “A cigana me enganou”, “O hospede do quarto 2”, “Aventuras de um rapa: feio”.
A função de contrarregra era exercida por Olivia Pelleni, esposa de Humberto Pellegrini, que segurava o personagem, esperando a “deixa” para ele entrar em cena. Ela controlava, também, as doses de “Martini” para cada um, lembra Olga. Todas as apresentações “eram sucesso absoluto”, com enorme plateia interessada e participativa.
Artista que muito se destacou em palcos e circos e que se constituía em êxito total, era o inconfundível Luiz Honório, o “Filisbino de todos nós”, ainda em plena atividade, com in superável audiência na emissora de rádio, onde atua, e como em shows festivos: exposições, rodeios, bailões e outros eventos similares. E, como acentua Olga Pellegrini – “Foram bons tempos aqueles dos anos 1940, quando pudemos assistir peças teatrais com comicidade e romantismo ingênuos, deliciosos…. cujos cenários eram compostos por mobiliário e acessórios emprestados de casas comerciais e poltronas de madeira para o público que esperava ansioso pelas três batidas de martelo no chão alertando para o início do espetáculo”.

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