O projeto era para uma escola, mas tornou-se presidio

Em meados de junho do fervilhante ano de 1945, quando o mundo ainda assistia à conflagração da sangrenta IIª Guerra Mundial, o Brasil se preparava para ir às urnas a fim de eleger o presidente da República – cujos candidatos mais fortes eram a figura do gaúcho dos pampas Getúlio Vargas e o Brigadeiro Eduardo Gomes. Itapetininga engalanava-se para entrar em nova fase da educação. Seria um complemento do que já possuía em tradição e respeito no concerto dos municípios de todas as unidades da nação: a inauguração do prédio que abrigaria a então Escola Prática de Agricultura do Estado de São Paulo. Esse novo setor do ensino público, criado em 1942 pelo então interventor federal paulista Dr. Fernando Costa, extensivo também a Guaratinguetá, Bauru, São José do Rio Preto e Piraçununga, iria dar uma nova dimensão ao ensino agrícola, e dedicado principalmente a jovens, não só da zona rural como de cidades consideradas metrópoles.
O artista plástico Antônio Arthur de Castro Rodrigues, ex-funcionário daquela instituição de onde se aposentou, recordava-se que nesse tempo o então interventor, juntamente com seu colega e amigo Francisco de Assis Iglesias, então diretor do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, idealizaram e criaram a Diretoria do Ensino Agrícola em São Paulo construindo essas Sacolas Práticas, com o objetivo de “dinamizar o ensino próprio, ministrando àqueles que tivessem inclinação para lides campeiras, e desejassem aprender modernas técnicas do cultivo, bem como a criação de grandes e pequenos animais.
O prédio, considerado como valioso patrimônio da cidade e localizado no bairro de Capão do Alto, a 12 quilômetros do centro de Itapetininga, anteriormente em 400 alqueires de 24.000 metros quadrados de construção, foi projetado pelo talentoso arquiteto Dr. Bezerra, pertencente ao extinto Departamento Agrícola, da Pastada Agricultura. Estilo colonial ressalta em sua fachada precioso azulejos, obra do grande artista plástico Paim, o qual na época construiu e decorou igreja Nossa Senhora do Brasil, na Avenida Brasil, Jardim América.
Funcionamento – Relativamente estava funcionando bem, cumprindo as finalidades propostas, com alunos provindos de vários municípios do Brasil e competente corpo docente. Desta cidade diversos jovens conseguiram concluir os cursos ministrados e alguns deles colheram benefícios com o aprendizado seguindo o professor, enquanto outros tomaram rumos opostos dedicando-se a diferentes atividades.
No ano de 1955, assumindo o governo estadual, através de eleições diretas, o ex-deputado Jânio Quadros, na tentativa de resolver o problema carcerário no Estado, decidiu junto com especialistas no assunto, transformar as Escolas Práticas de Agricultura em presídios. Seriam instituições abertas, inovação para aquela época, e destinadas a condenados, de comportamento exemplar, a cumprir o último estágio de pena. Abrindo parêntesis: um ano antes da transformação, houve a maior rebelião de presos na célebre Ilha Grande, com inúmeros mortos e, posteriormente, desativado, local hoje exclusivo para o ecoturismo brasileiro.
A instituição, por onde passaram médicos, advogados, empresários e comerciantes, além de pessoas de categoria inferior penalizadas por infrações, possuía um corpo de funcionários dos mais capacitados profissionalmente para os encargos, todos quase radicados e filhos desta cidade.
O Instituto Penal Agrícola, sob a direção de Roberto Teixeira Pinto, além do curso escolar ministrado à noite que oferecia aos reeducandos, mantinha oficinas de mecânica e carroçaria, fábrica de colchões, sapataria, alfaiataria, barbearia, padaria, criação de coelhos, aves, porcos, gado, destacando-se as atividades agrícolas, tudo desenvolvido pelos próprios internados e isto com bons resultados, conforme atestam jornais daquele período.
O presídio, em razão da política existente, após 10 anos de funcionamento transformou-se em abrigo de menores, também por 10 anos e depois sediou uma unidade da recém-criada FEBEM.
Hoje sob a responsabilidade da Fundação Paula Souza, o prédio mantém a Escola Técnica Agropecuária Estadual Prof. Edson Galvão, nos mesmos parâmetros de ensino agrícola.

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