De janeiro a julho deste ano as exportações mais que dobraram em relação ao mesmo período do ano passado em Itapetininga, um aumento de quase 160%. Enquanto que em 2021 a cidade exportou o equivalente US$ 57 milhões de dólares, no mesmo período deste ano foram US$149 milhões faturados com exportação.
O que chama atenção, além do aumento significativo, é que a soja ganhou lugar de protagonista nesta guinada das exportações. Em 2022 o cenário foi dominado pelo grão que hoje representa 55% do valor exportado por Itapetininga, US$ 82 milhões. Em 2021, ele representava apenas 2% dos produtos exportados na cidade. Carne e miúdos de frango com 19% e painéis de madeira com 17% lideravam a lista. Os dados são Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços.
De acordo com o Professor Dr. Ademir Diniz Neves, da Fatec de Itapetininga, de maneira sucinta existe a combinação de vários fatores dentro deste cenário, as regiões produtoras e as questões climáticas que contribuíram para essa mudança positiva. “Em meados de 2020/21 a China entrou forte no mercado fazendo aquisição de grande volume de soja para montar seu estoque regulador, em parte devido às previsões de duração e impactos diretos na produção em função da pandemia de COVID 19. Isto já surtiu efeito direto no preço do produto. Percebemos isso em função do aumento do preço do óleo de soja para uso culinário, por exemplo”.
O agrônomo e produtor rural, Rodrigo Maschieto, conta que há 14 anos investe na produção agrícola em Itapetininga e Itapeva. Ao todo, a produção das propriedades soma 900 hectares e na safra 21/22 resultou numa colheita de aproximadamente 4 toneladas de soja. “A gente faz rotação de cultura entre o milho e a soja, no início era 50% cada cultura. Com o passar dos anos, a soja foi assumindo um espaço maior e hoje a produção é 70% soja e 30% milho”.
A família Maschieto faz parte da Capal Cooperativa Agroindustrial e é a cooperativa que envia a produção agrícola para o mercado externo.
Esse aumento da produção de soja na propriedade de Maschieto não é exclusividade. Segundo o observatório da agropecuária, a área ocupada pela plantação de soja em Itapetininga aumentou de 2,1 mil hectares na safra 2010/11 para 23 mil hectares na safra 2019/20. (confira a tabela abaixo).
O professor Ademir Diniz Neves aponta que outro ponto favorável tanto para o aumento da produção e consequentemente da exportação é em função do fenômeno climático La Niña que gerou seca na região Sul do país, afetando a produção dos Estados de Paraná e Rio Grande do Sul (principalmente), além da produção do Paraguai e Argentina (principais regiões produtoras desta commoditie na América do Sul).
“O mesmo fenômeno climático elevou a umidade na Região Centro-Oeste do Brasil, afetando as lavouras com maior número de ocorrências de doenças e pragas e diminuindo a produção. Com a demanda aquecida e a baixa oferta, os preços estão favoráveis ao produtor rural. A cidade de Itapetininga, geograficamente, esta situada em uma região em que o efeito La Niña foi pouco sentido, ou seja, não tivemos secas e nem umidades severas, favorecendo assim a produção de soja. Neste cenário, muitos produtores fizeram a opção de plantio, colheita e comercialização desta cultura visando maior rendimento financeiro na propriedade”, explica Nevez.
Importação
A balança comercial mostra que entre os produtos importados em ITapetininga, também reflexo da produção agropecuária, estão na ponta Adubos, fertilizantes, inseticidas. Ao todo, a cidade importou neste ano US$ 141 milhões de dólares.