As livrarias que foram movidas pela paixão

A maioria da população nutria um acentuado gosto por aqueles que se engajavam na complementação do ensino que se desenvolvia em Itapetininga.
Eram as livrarias, constituindo sólido alicerce da educação e cultura não só dos jovens como de grande parte da comunidade que residia naqueles remotos anos de 1940, 50 e início de 60. O advogado Washinton Luiz Ramos, filho do cartorário, saudoso Otaviano Ramos, nunca se cansou de afirmar, com plena convicção, que elas eram dependências da própria casa de seus habituais frequentadores e foi um “fator de sociabilidade deste município e palco de fatos marcantes e atividades políticas locais”.
Três eram as principais livrarias. Em tudo se igualando às congêneres da capital paulista, como a Teixeira, Brasiliense, Cultura, Saraiva, Martins Fontes. Localizavam-se, na principal via da cidade, a Campos Sales e atendiam pelos nomes de Camilo Lelis, Pacheco e Camargo, respectivamente onde hoje se situam as Loja Cem, Camilo Lelis, Loja Hering, Pacheco e Camargo, próximo ao antigo Cine São Pedro.
A de Camilo Lelis, funcionava até fins de 1930 no sobrado, hoje demolido onde existia o Hotel Central e, além de livros, o proprietário editava obras e ele próprio autor do famoso Almanaque de C. Lelis, lançado anualmente a “título de cortesia da casa”. Também era de autoria da livraria os conceituados “cartões postais”, com “vistas dos lugares mais pitorescos de Itapetininga”. Todas as três eram abastecidas diretamente pela capital por todas editoras nacionais, possuindo títulos dos mais variados e de autores também estrangeiros, destacando-se os livros didáticos fornecidos então às escolas da região.
Como observa o professor aposentado José Augusto Peiretti, “qualquer livro era encontrado naqueles estabelecimentos e quando não existia em estoque, tão logo encomendado era trazido através de “um automóvel que fazia e percurso Itapetininga – S. Paulo, com a máxima rapidez”. Posteriormente, quem executava esse serviço era a Viação Cometa ou então o Expresso Brasileiro, que percorriam o mesmo itinerário.
Pessoas das mais esclarecidas frequentavam as livrarias e era comum constatar a presença assídua dos professores Augusto Graco da Silveira, Tonico Alves, Péricles Galvão, Eduardo Soares, Juvenal Paiva Pereira, Fernando Rios ou Sebastião Vilaça ou o Neto Vilaça, José Ozi, Alceu e Júlio Prestes de Albuquerque, Waldemar Wei, Padre Bruneti e outros considerados amantes da literatura mundial.
Estudantes da notável “Peixoto Gomide”, como do então Ginásio ou Escola de Farmácia ou Técnica de Comércio sempre deram ar juvenil álacre às livrarias, movimentando esse setor comercial da cidade.
Um constante freguês dessas empresas era Alberto Sales, funcionário da Estrada de Ferro Sorocabana – chefe de estação – que “praticamente lia dois livros por semana, adquirindo-os ¬naquelas livrarias e mantendo em sua residência, na Silva Jardim com a José Bonificio uma das maiores bibliotecas particulares da cidade. Outros possuidores de grande acervo foram os professores Sebastião Vilaça Neto, na rua Fernando Prestes e Waldomiro Tibes Cordeiro, residente então na rua Coronel Afonso e cujos livros de “valor inestimável” foram doados ou, possivelmente, vendidos.
Na “Pacheco” eram vistos os vizinhos comerciantes Karnig Bazarian, Larizatti, Roque Albino, Waldemar Wey, João Lupion e os irmãos Badim-Celso, Jair e Camilo; na “Camilo Lelis” era presença certa Aristeu Scott, os irmãos lsaac Ferman, Paulo Naef, Guilherme, pai de Roque Guilherme, Schatan, Abujamara e na livraria Camargo os “visitantes” Ramiro Vieira de Moraes, Jorge Baida, Waldomiro Carvalho, Félix Calux e filhos, Archero da Tinturaria Esmeralda, Pedro Samarco, prof. Silvio Moraes, Calil Halak, Giordano, Gabriel Lotf e muito -mais.
Decorridos alguns anos, a livraria Camargo passou a ser dirigida por Osvaldo Vieira de Moraes, “Gaúcho”; com a morte de Camilo Lelis o estabelecimento teve a direção dos irmãos João e Zizi, enquanto que Pacheco transferiu-se para Sorocaba, encerrando seu comércio.
Itapetininga, atualmente, conta com sebos e estabelecimentos de livros especializados nas religiões católica e evangélica. As livrarias existentes surtiram os benefícios almejados, enriquecendo culturalmente a todos que a procuraram, valorizando e muito Itapetininga, a qual o professor Francisco Fabiano Alves, em feliz inspiração, denominou “Terra das Escolas”.

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