Acalanto para o Ano Novo

Daqui a pouco já estará em ação o esperado Ano Novo. Novo em folha, com o calendário ainda bojudo, à espera do gesto repetido, com que, a cada novo dia, arrancaremos dali a folha da véspera, lançando-a na cesta ou lata de lixo, sem refletir que já o tempo a recolheu ao seu mistério. As festas de fim de ano, praticamente, terminaram e restou a ressaca.
Na realidade, existe o passado, que já passou, e foi retido pela memória de alguns ou pelo testemunho, e existe o futuro, que vem vindo devagar, mal pressentido por nossa vontade ou nossa imaginação. Quanto ao presente, nada mais ilusório: é o momento que chega e logo se desfaz, levado pelo passado, simples ponto móvel que se desloca sem cessar.
Nesta altura da vida, por mais indiferente que pretendamos ser em face do seu curso vagaroso, sempre chega o instante em que interrogamos a nós mesmos, dando um balanço de vida vivida, enquanto contraímos as pálpebras, como se alongássemos o olhar para o caminho que se estira à nossa frente, repleto de enigmas e surpresas. Que é que nos espera, nas voltas da estrada? Álvaro Moreyra, autor do livro “As Amargas Não”, dizia que a meio caminho entre a santidade e a zombaria, era de parecer que vida reclama de nós a cabeça baixa. Ou seja: a cabeça reflexiva, que retém o momento vivido, como à procura da essência de seus mistérios. Talvez não seja essa a melhor lição. Na verdade, fomos trazidos ao mundo para assistir a um espetáculo contínuo. Algo assim como quem entrou no cinema já com o filme começando e procura compor o que não via com as imagens do que vai vendo. Cumpre-nos erguer o olhar para não perder de vista o espetáculo. Deus não se repete. Quem se aborrece é porque não deu atenção ao que vai fluindo diante de seus olhos distraídos. Saber olhar constitui uma forma de inteligência. Olhar para compreender e perdoar. Olhar para sentir e admirar.
O mundo não acaba quando nós acabamos: somos nós que acabamos para o mundo. Este levado pelo tempo continua a cumprir sua missão, rolando pelo espaço, dentro de uma disciplina imutável. Um velho amigo meu, falecido, costumava ligar o telefone ao acaso, na transição do Ano Velho para o Ano Novo, e desejava felicidades à voz desconhecida que lhe falava do outro lado da linha. Não é má ideia. Convém ter essa disponibilidade interior para desejar que outros sejam felizes, não apenas os nossos amigos e os nossos parentes, mas os seres que desconhecemos e que estão conosco no mesmo barco, remando à luz do novo dia.
O Brasil, como Itapetininga, tem razões particulares para presumir que este novo ano, à revelia dos obstáculos que irão encontrar, têm condições para superar as crises que possam surgir. Estamos ao que parece, saindo do túnel, e embora as escrituras nos digam que a cada dia basta o seu cuidado, convém olhar mais longe, com perspectiva de nosso futuro, que há de vir mais auspicioso. Não é proibido sonhar. O que é proibido é desapontar. Sou dos que pensam que aos poucos, depois da cheia que se derramou pelas margens e pelos alagados, o rio se ajustará mais uma vez ao seu leito. O largo rio sereno que nos habituamos a ver nos nossos sonhos, e que se escondia enevoado, começa a rolar sob as pontes, nesta luz nova do Ano Novo.

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