O poder transformador que emana do palco – O teatro como fonte de expressão artística

Por: Mayara Nanini

Em 19 de agosto é comemorado o dia do “Artista do Teatro”. A data visa homenagear o profissional do teatro de forma ampla, onde devemos destacar a importância dessa arte para a sociedade.

Itapetininga é um berço cultural. Em se tratando de teatro não é diferente. São inúmeros moradores que participam de peças teatrais e são contagiados pelo poder que emana do palco.

A verdade é que podemos associar essa arte a um bichinho que pica alma e cria marcas. Essa marca vira tatuagem e, mesmo que tentem remover, ainda deixará rastro. Vale dizer que as marcas da alma são valiosas e sempre nortearão a vida daqueles que foram manchados.

O cheiro do linóleo é forte o bastante para gerar lembrança afetiva, assim como a fragrância da madeira transporta para outros mundos.

Diz a lenda que, ao bater com os pés no palco, você acorda o Deus grego do teatro – denominado Dionísio – e isso pode ser retratado como a onda magnifica que é acionada quando um coração se aconchega no abraço tão esperado. É o momento de conexão entre dois universos que magnetizam emoções.

Basta uma história, uma luz no rosto, a sonoplastia, figurino e corações acelerados para a magia acontecer. É nessa oportunidade que a realidade momentânea será deixada de lado e o poder da criatividade resgatará pessoas. Somos movidos por nossos sonhos, crenças e sentimentos. Quando contamos outras histórias viramos parte delas. Provocamos catarse. Geramos empatia.

A Expressão artística é um mecanismo terapêutico que invade o EU e cura muitas feridas. Seja em teatro de escola, em grupos de amigos, igreja, ou ainda em cursos profissionalizantes, a dramatização é um espelho e faz com que a pessoa saiba trabalhar seus sentimentos.

Não se fala apenas das técnicas teatrais, mas da própria intuição e capacidade de sentir e viver novos experimentos. É a aptidão de expressar e fazer com que outras pessoas se sintam tocadas.

O ser humano pode criar barreiras infinitas durante a sua vida e, é a partir dos experimentos das emoções que algumas cascas racham. Existe uma sinergia no campo entre palco e plateia que, quando identificada, aciona uma máquina pungente.

Quem se entrega ao teatro é fortemente transformado em diferentes frentes. Pode ser que, no futuro, não seja a profissão escolhida. Talvez seja a opção como hobby preferido. Contudo, para muitos, independente do que aconteça com a vida, ele será sempre o amor sublime que aquece os dias mais cinzentos.

“Eu diria que o poder transformador do teatro se dá ao longo de todo o processo, e talvez ousaria dizer que para todo o sempre, como aqueles amores que ficam no nosso coração mesmo não estando mais junto da pessoa amada. O teatro nos atravessa, nos revira de dentro para fora e de fora para dentro. Fazer teatro foi como me abrir os olhos para um novo mundo. Uma garota de 14 anos, numa época que a internet nem existia para nós, uma simples estudante da rede estadual de ensino, significou muito”. Lilian Tavernaro, atriz e professora.

Essa arte tão antiga aflora o desconhecido, justamente por acessar o que julgamos ter intocável.

“Falar sobre teatro é falar sobre amor, sobre liberdade, sobre sentimento e respeito. É enriquecedor e posso dizer que ele transformou a minha vida, despertando algo em mim que eu nem conhecia. Ele trabalha com seu interior de uma maneira tão incrível, que posso dizer que quem tem o prazer de poder vivenciar, jamais consegue ficar sem. Viva o teatro, viva o amor” Janaina Oliveira, atriz, dançarina e personal trainer.

Também é o que diz Jussara Chiavegato, atriz, psicóloga e cantora:

 “Desde que pisei no palco foi transformador. O teatro despertou uma parte de mim desconhecida. Ele tem o poder de trazer expressão para aquilo que está adoecido. O encanto de ver pessoas sendo sensacionais em cada cena, em sua totalidade, me inspirava.  Me trazia de volta para aquilo que fazia meu coração bater: minha família. Era como se aquele sangue artístico pulsasse em minhas veias. Ele transformou a timidez em presença forte. A fala retraída em persuasiva. Transformou a riqueza da percepção. Esses pontos na vida profissional e acadêmica auxiliam muito no desenvolvimento e conquistas. Também me transformou em alguém que admira a arte da vida. Com o teatro adquirimos um olhar rico pelos detalhes e detalhes são importantes. O teatro me fez o despertar em ser protagonista da minha própria vida. Durante a minha adolescência passei por muita coisa de adulto, onde sempre tive que exercer papéis de força de resistência. No teatro, por mais que estamos em vários papéis, tem algo muito nosso dentro de cada um. De cada olhar. A interpretação é sua. O passo é seu. O talento é nosso. Ali eu tinha espaço para colocar o que apertava meu coração e fazia virar arte. Fazia sair de mim a angústia para transformar em algo que era apreciado. Ele resgatou minha autoestima e o aplauso fez parte da minha cura”.

Seja criança, jovem, adulto ou idoso a magia se faz presente. No palco, na direção, sonoplastia ou figurino, o artista se deixa sentir e faz com que os olhares furtivos se encontrem. Que os sorrisos falsos sejam cúmplices.

“Francisco de Assis uma vez disse ao beijar um leproso: O amargo virou doce. Digo que o teatro é exatamente isso. Faz o amargo virar doce. Faz a dor, ser amor. Faz toda angústia virar arte. Assim, nossa sombra se transforma em luz e nela somos aplaudidos. Se uma vez você teve um coração de artista, sempre terá um coração de artista. E artistas são responsáveis por grandes obras de artes, se não for no palco, será na vida”. Acrescenta Jussara Chiavegato.

A arte é uma dádiva e o teatro faz parte da transformação humana por meio do imaginário, do que acreditamos e também de tudo que observamos. De certa forma, mesmo quando nos perdemos, o teatro tem o poder de resgatar e apontar uma resposta. Afinal, como já dizia Oswaldo Montenegro: “Que arte me aponte uma resposta, mesmo que ela não saiba. E que ninguém a tende complicar, porque é preciso simplicidade para fazê-la florescer. Porque metade de mim é a plateia(…)E que a minha loucura seja perdoada, porque metade de mim é o amor, e a outra metade também”.

Uma metade será sempre metade quando solitária, mas será inteira ao descobrir o que faz o coração pulsar. Que a metade de cada um seja encontrada no palco de madeira ou da vida, e iluminada com as mais belas luzes coloridas. Que nossa missão seja restaurada e impactada de forma simples e tênue. Que o amor seja a vocação e o desejo do seu coração o maior estímulo artístico.

Artistas, obrigada por acreditarem na arte. O teatro pode renová-los, mas são vocês que oxigenam nossa amada Itapetininga. Não se escondam na coxia. Precisamos de vocês. A cortina está aberta e hoje os aplausos são seus.

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