O inverno de 2024 inicia-se oficialmente nesta quinta-feira, dia 20, às 17h51, com a chegada do solstício de inverno, um evento que marca o dia mais curto e a noite mais longa do ano. Em Itapetininga a estação começa mais quente e seca do que o habitual, impactando diretamente tanto o cotidiano das pessoas quanto a atividade agrícola, de acordo o agrometeorologista Daniel Nassif.
Segundo Nassif, as primeiras semanas do inverno de 2024 serão caracterizadas por temperaturas acima da média e baixos índices de umidade. “Uma zona de alta pressão está bloqueando a chegada de frentes frias na nossa região, o que resulta em temperaturas que podem alcançar os 30°C em algumas áreas durante o dia, mas com quedas bruscas para perto de 10°C nas madrugadas”, explica o especialista. Esse fenômeno é atípico para o início da estação, geralmente marcado por uma transição para o frio.
O comportamento climático do inverno deste ano está fortemente influenciado pela recente transição do fenômeno El Niño para La Niña. “O inverno começará de maneira mais quente e seca, mas a expectativa é que o La Niña, que deve se firmar entre julho e agosto, traga bloqueios atmosféricos que mantenham a estação menos fria e ainda mais seca”, esclarece Nassif. Esse padrão climático pode resultar em menos chuvas e um aumento no risco de incêndios florestais, além de temperaturas flutuantes que desafiam as expectativas típicas de inverno.
Comparando com anos anteriores, especialmente com o inverno de 2023, Nassif ressalta que o inverno de 2024 será semelhante aos períodos de 2020 a 2022. “Estes anos tiveram invernos relativamente mais quentes e com eventos esporádicos de frio intenso. A diferença marcante para 2023 será a maior frequência de geadas, que estavam ausentes no ano passado”, observa.
A influência das mudanças climáticas globais também é evidente, com uma tendência geral de invernos mais quentes e secos. “Isso é um reflexo direto das alterações climáticas e da variabilidade anual dos fenômenos como El Niño e La Niña, que impactam nossos padrões climáticos de maneira significativa”, comenta o agrometeorologista.
Há uma preocupação particular com a possibilidade de geadas tardias, especialmente entre agosto e setembro. “Esses eventos podem ser devastadores para os agricultores, afetando colheitas e a saúde de animais sensíveis ao frio”, alerta Nassif. Contudo, ele também aponta um lado positivo: “Geadas ajudam a controlar naturalmente populações de mosquitos transmissores de doenças como a Dengue”.
Para os agricultores, a principal recomendação é a vigilância constante. “Devido ao clima seco e ao risco de frio intenso, é fundamental monitorar as necessidades de irrigação e estar preparado para proteger culturas sensíveis e animais”, aconselha Nassif. Além disso, os riscos de incêndios devem ser mitigados com medidas preventivas, dada a baixa umidade esperada.
O possível estabelecimento do La Niña ao final do inverno poderá atrasar o início das chuvas na primavera, impactando o planejamento da safra de verão. “Os produtores devem estar atentos às previsões meteorológicas e adaptar seus planos de plantio conforme as condições climáticas se desenvolvem”, conclui Nassif.