A Igreja Nossa Senhora do Rosário, uma das construções mais antigas e significativas de Itapetininga, enfrenta um estado crescente de deterioração. De acordo com o arquiteto Renê Matos, a situação reflete um problema maior que atinge diversos edifícios históricos da cidade, todos eles carentes de manutenção adequada e suporte legislativo.
“A Igreja do Rosário é um dos edifícios mais importantes da cidade do ponto de vista histórico e cultural. No entanto, a deterioração da construção ocorre lentamente”, alerta Matos. Ele destaca que, apesar das diversas obras de conservação e recuperação estrutural realizadas, a falta de verbas estaduais e a ausência de reconhecimento oficial pela prefeitura dificultam a manutenção necessária. Como não há legislação que declare a igreja um patrimônio histórico, arquitetônico e cultural, a responsabilidade pelas obras recai sobre a Diocese de Itapetininga.
De acordo com o arquiteto o problema se agrava porque Itapetininga não possui um departamento dedicado ao patrimônio histórico, arquitetônico e cultural. “Projeto que deveria ser implementado pela Câmara Municipal. Dessa forma, infelizmente, não temos amparo legal para isso. Aos poucos, nossa história está se esvaindo com o desaparecimento desses elementos que marcaram épocas. Existem poucos edifícios na cidade, que foram tombados pelo patrimônio histórico estadual, pois têm uma relevância que extrapola o município, como, por exemplo, as três escolas do conjunto Peixoto Gomide, ou a antiga Câmara Municipal”.
“A expansão urbana desordenada e a pressão do desenvolvimento imobiliário muitas vezes resultam na destruição ou descaracterização de edifícios históricos. A falta de regulamentação e consequente fiscalização permite que prédios sejam demolidos ou profundamente alterados sem considerações pelo seu valor histórico. Ainda, há negligência e desinteresse ou falta de conscientização sobre a importância do patrimônio histórico, tanto do poder público quanto da população”, explica Matos.
Apesar dos desafios enfrentados, o arquiteto vê esperança em exemplos de sucesso de outras partes do Brasil. Ele cita cidades como Ouro Preto, em Minas Gerais, e o Pelourinho, em Salvador, que conseguiram transformar seus centros históricos em destinos turísticos vibrantes e economicamente sustentáveis.
“Apesar de todos os desafios, existem iniciativas positivas em várias partes do país. Organizações governamentais como o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) têm desempenhado um papel crucial na proteção e restauração de muitos edifícios históricos. Além disso, projetos comunitários e ONGs também têm contribuído para a preservação e promoção do patrimônio cultural”, alerta especialista.