Os ataques dos cães da raça Pitbull costumam trazer lesões graves, traumas e muita polêmica. As vítimas envolvem desde outros cães, gatos e até crianças, mulheres e homens. Segundo a técnica em enfermagem, Patrícia Duarte, a maioria das lesões são arranhaduras, mas acontecem mordeduras que infelizmente a vítima perde os movimentos parcialmente ou totalmente, dependendo da violência do membro atacado, normalmente pernas e braços.
“A vítima é prejudicada física, emocionalmente e também financeiramente, nos casos de ter que afastar-se do emprego, além da dor, medicações e curativos diários. Fora os casos em que a vítima vem a óbito”, diz a enfermeira. Um dos casos foi de Raísa Piloto que foi atacada esta semana, quando chegava em casa e foi surpreendida com a chegada de dois cães da raça Pitbull.
“Eu estava chegando em casa no mesmo momento em que o meu vizinho abriu o portão e seus dois pitbulls saíram. Eu estava em cima da minha moto, primeiro levantei uma perna, quando por reflexo vi o cachorro quase pegando a minha calça pela outra perna. Tive que pular da moto em movimento e gritar para o dono do animal. Por sorte consegui escapar desse ataque. Mas se fosse, uma mãe com uma criança na garupa não teriam a mesma sorte”, relatou Raísa.
Já a adestradora Livia Merighi, com nove anos de experiência na área e proprietária da DivertiCão, explica a situação. “Quando escolhemos um cachorro para conviver com nossa família, pensamos e projetamos o que queremos do cachorro, mas muitas vezes não consideramos a importância do manejo adequado e da socialização para prevenir comportamentos indesejados, como a agressividade”.
A adestradora também afirma que, quando um cachorro de porte grande ou de porte médio, como um Pitbull, além de forte, impõe medo às pessoas. “Se o manejo e o relacionamento com o tutor forem inadequados ou até mesmo estimulados com treinos de proteção, podemos ter a falsa segurança de que temos o ‘controle’ desse cachorro, quando na verdade estamos apenas ensinando comportamentos agressivos” destaca Lívia.
Donos dos animais são responsáveis pelos ataques de cães nas ruas
Sobre a responsabilidade dos donos com relação aos ataques de cães, o Jornal Correio de Itapetininga escutou Miriam Aparecida Teodoro, advogada que atua em direito civil em Itapetininga e São Paulo. Miriam destaca que, nos últimos anos, “temos visto o aumento de casos de ataques de cachorros a pessoas nas ruas, gerando preocupações sobre a segurança pública e as responsabilidades dos tutores desses animais”.
A advogada aponta o artigo 936 do Código Civil brasileiro prevê que o dono de um animal que cause danos a terceiros é obrigado a repará-lo, a menos que consiga provar a culpa da vítima ou que o ataque ocorreu devido à força maior. “Porém, quando um cachorro ataca alguém, o tutor pode ser responsabilizado civilmente pelos danos materiais, como custos de cirurgias, internações hospitalares e medicamentos necessários para o tratamento da vítima”, afirma a advogada.
Ela ressalta a importância de medidas preventivas, como o uso de coleiras e focinheiras, que são essenciais para evitar os ataques. No entanto, a falta de fiscalização e de políticas públicas efetivas contribui para a continuidade desse problema. É fundamental que os donos de cães estejam cientes de suas responsabilidades legais e tomem todas as precauções necessárias para garantir a segurança dos seus animais, das outras pessoas e de outros animais ao seu redor.