A alta oferta de tomates e o baixo consumo têm gerado um impacto direto no bolso de produtores e consumidores. Nos últimos quatro meses, o preço do tomate caiu drasticamente em diversas regiões do país, o que beneficiou o consumidor final, mas trouxe grandes prejuízos para os produtores, que estão vendendo o produto abaixo do custo de produção.
Jorge Meira, produtor do fruto, disse que a produção está reagindo devagar. “Muita gente passou a grade em cima porque o preço está ruim, mas o que fez o preço abaixar foi a diminuição da produção em Minas Gerais. Nós da região trabalhamos muito com o tomate de lá e a produção acabou diminuindo por conta do clima, com isso o preço se alterou e a venda acaba nos desanimando, pois acaba se tornando inviável”.
Se por um lado o consumidor se beneficia com a queda de preços no varejo, por outro, os produtores enfrentam grandes dificuldades.
Adalton Azevedo, presidente da Associação dos Produtores de Hortifrutigranjeiros de Carmópolis de Minas (APHOCAM), explica que, apesar das boas safras, o mercado tem sido desafiador. “A venda está menor. O tomate não espera, temos um ou dois dias para vendê-lo”, afirma. Segundo Azevedo, a queda no preço se deve principalmente à alta oferta e à dificuldade dos produtores em negociar melhores valores com os comerciantes. Em muitos casos, o preço de venda está abaixo do custo de produção.
Outro fator que pesa no bolso do produtor é o aumento dos custos para produzir a hortaliça. O presidente da APHOCAM destaca que encargos trabalhistas, transporte e outros fatores têm encarecido a produção. “Tudo reflete no custo final. Até mesmo o pagamento de um carregador ficou mais caro”, relata.
A situação também foi agravada pela seca, que acelerou o processo de maturação do tomate, levando ao descarte de parte da produção. Segundo boletim da Hortifruti Brasil, muitos produtores têm optado por erradicar lavouras, já que não conseguem comercializar o produto com lucro. A análise também aponta que, com a redução da oferta nos últimos dias, houve um leve aumento nos preços em algumas centrais de distribuição.
A expectativa é que, com o fim da safra de inverno e a desaceleração na produção, os preços comecem a subir novamente, mas os prejuízos acumulados pelos produtores são significativos. Para o consumidor, no entanto, o momento ainda é de vantagem, com promoções frequentes nos supermercados para escoar o excesso de oferta.