Por horas o revolutear de um desesperado

Sua agitação era intensa e contínua. Deitado em toda extensão da calçada, revolvia-se desesperadamente por todos os lados sem encontrar apoio em lugar algum. Pudera! Estava quase inconsciente e impossibilitado de alcançar a parede próxima, onde fazia em seus lentos movimentos. Suas mãos procuravam algo que lhe oferecesse sustentação para ficar completamente em pé. Por mais que se mexesse afoitamente, embora sem rumo algum, sua situação mais se embaralhava e complicava-se.
A cena, considerada caricata, passa-se entre as ruas Monsenhor Soares e Cel. Pedro Dias Batista, no trecho denominado “Manuel Cardoso”, na parte de trás onde se situa a agência central do Correio e o Mercadão.
Um imenso vazio se abre entre o espetáculo que se desenrola e uma pequena multidão postada na calçada do Mercadão. O incógnito cidadão é de meia idade, um pouco rechonchudo, pele branca, barba rala, calças jeans desbotada, camisa branca e parte do “cóccix” levemente aparecendo.
De longe o grupo de pessoas – à medida que o tempo passava aumentava – não tirava os olhos do espetáculo e quase surrealista e em ritmo de agonia. Sua vontade continuava a lutar para ficar em posição normal, como todo ser humano.
Nenhum efeito surtia para atingir seu intento, uma vez que suas forças iam-se exaurindo, tornando-o ainda mais debilitado.
Em alguns momentos, angustiava-se como pedindo socorro ou ajuda imediata. Aflitamente e com um pouco de violência esmurrava o chão cimentado, percebendo então que o sangue já escorria tenuamente de suas mãos, provocado pelas batidas.
Algum tempo depois, diversos assistentes aproximaram-se do protagonista e o levantaram do chão, permanecendo momentaneamente em pé, segurando fortemente para não desabar.
O valoroso e imprescindível Corpo de Bombeiros de Itapetininga, com uma de suas unidades, chegou ao local colocando um ponto final naquilo que foi considerado grande espetáculo. O protagonista, com afeto e carinho, foi colocado na ambulância, com destino ao Hospital Regional da cidade. Antes porém, os simpáticos bombeiros foram aplaudidos calorosamente pelo já numeroso público. O desconhecido, com voz pastosa e um tanto ininteligível, num gesto fraternal bradou aos quatro ventos: “Obrigado minha gente e um feliz ano novo para todos”.
O logradouro, aos poucos ficou silencioso, seus ocupante seguiram para os afazeres diários, sem nenhum comentário sobre o acontecido.

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