Quem tem saudades da gabiroba?

A incerteza faz parte da criação, motivo pelo qual muitos se perguntam sobre a quantidade de casos diversificados que ficaram para trás, quase esquecidos ou varridos da memória. Em estações da vida o cidadão, com muitos janeiros, por vezes, lembra de algo que ficou marcado em sua mente, indefinidamente.
Há pouco, em encontro providencial de pessoas conhecidas, o professor e autor de vários livros sobre a língua portuguesa, falou de sua infância remota, no Bairro da Varginha, onde seu pai Esaú residia comerciando com armazém de secos e molhados.
Elias Esaú, hoje aposentado, mas um verdadeiro intelectual e atualizado em vários assuntos, referiu-se com certo entusiasmo e um pouco de melancolia, mas prazerosamente, em recordar aquela época feliz da sua existência e fatos agradáveis. Puxou, então, sobre a hoje, quase desconhecida, gabiroba, fruto disseminado em campo rastejante e vicejante entre barbas de bode, cabeça de negro, indaiá etc. Pequeno menor que a jabuticaba, um pouco adocicado, com sabor esquisito, era muito procurado, não só pelas crianças, como pelos adultos e vendidos em carrinho nas ruas.
Gabiroba ou guabiroba, arbusto cujas folhas possuíam propriedades medicinais, foi muito recomendado pelas benzedeiras e rezadeiras de Itapetininga, indicada para diversas enfermidades.
Nos bares existentes na cidade, na década de 30, 40 e 50, como o “Primavera”, no Largo dos Amores ou “Rodovia” entre outros estabelecimentos, eram oferecidos refrescos de gabiroba, considerados deliciosos e nutritivos, ingeridos no verão e também como chá quente na estação hibernal.
O professor Elias Esaú conta que naquela época costumava se esconder entre as folhas das árvores de gabiroba de tamanho médio e, ao mesmo tempo, se deliciava degustando o fruto com avidez.
E Luiz Proença, com movimentada banca de jornal, revistas e charutaria no Mercadão, não esquece do bairro da Várzea, ocasião em que se comprazia em degustar o fruto adocicado, consumindo-o em saciedade incontida e distribuindo gratuitamente para os amigos e conhecidos.
Em Itapetininga em muitos quintais e na lendária chácara da Nhá Cezária, na Quintino Bocaiúva, em toda sua extensão área havia pequenas árvores de gabiroba fazendo a alegria daqueles meninos que galgavam o muro e subtraiam as frutas existentes, principalmente a gabiroba.
Nas ruas desta cidade “gabiroba” também servia de apelido. Eram chamados ou apelidados aqueles considerandos irritados, zangados, decididos ou valentes: – Ói o “Gabiroba…”.
Com a agricultura ocupando grandes glebas de terra, desapareceram as guabirobeiras e só por milagre encontra-se esse fruto, conforme afirma o advogado e ex-lavrador José Ribeiro, não esquecendo que em casa de seus pais costumava-se habitualmente preparar chá ou suco de gabiroba, oferecidas aos visitantes.
Popular em Itapetininga, era o cidadão cognominado de “Guabiroba”. De pouca estatura, rechonchudo, simpático e alegre, vindo da cidade de Apiaí, trabalhou, por muitos anos, como empregado do construtor Felisberto Pieroni, responsável por várias obras e que contribui, inclusive, o casarão (demolido) na Avenida Francisco Válio, onde, há tempos atrás esteve instalado o quartel do 22º Batalhão da Polícia Militar.

Últimas

Correio Político 1002

Correio Político 1002

Tabata Amaral Um importante projeto para criar um protótipo de uma cadeira de rodas movida apenas pelos movimentos da cabeça, está sendo desenvolvido no Campus de Itapetininga do Instituto Federal...

Rita de Cássia Moraes Leonel

Itapetininga perde Alceu Nanini

Esta semana faleceu o empresário Alceu Nanini. Católico fervoroso, teve uma vida exemplar dedicada a ajudar o próximo. Pessoa muito querida na cidade, Alceu foi vice-prefeito e vereador. Uma grande...

Rita de Cássia Moraes Leonel

O Pint of Science Itapetininga foi um sucesso

A avaliação de Cassiano Terra Rodrigues , organizador do evento , é que o Pint of Science Itapetininga 2024 foi um sucesso, com  participação intensa , diversificada e altamente gratificante....

Rita de Cássia Moraes Leonel

O impacto das chuvas do RS no agronegócio brasileiro

Por Maria Clara Ferrari - graduada em Engenharia Agronômica pela Escola Superior de Agronomia de Paraguaçu Paulista em 1980, Latu Sensu em Gestão Agroindustrial pela Universidade Federal de Lavras. Experiência...

Rita de Cássia Moraes Leonel

Rogério Sardela retorna aos palcos

Depois de quatorze anos, um experiente ator da cena teatral itapetiningana retornou aos tablados, Rogério Sardela, com a peça “Agora Eu Tô Solteiro” de sua autoria. A comédia é dirigida...

mais lidas

Assine o Jornal e tenha acesso ilimitado

a todo conteúdo e edições do jornal mais querido de Itapetininga

Bem vindo de volta!

Faça login na sua conta abaixo


Criar nova conta!

Preencha os formulários abaixo para se cadastrar

Redefinir senha

Por favor, digite seu nome de usuário ou endereço de e-mail para redefinir sua senha.