Enquanto não chega o amanhecer!

Nas madrugadas, os fantasmas se espalham pelo quarto, como poetava o grande escritor argentino Jorge Luiz Borges em um de seus notáveis livros. Também nas madrugadas, fria ou não, às vezes sob suave música emanada uma goteira persistente e irritante, o homem solitário estendido comodamente em sua cama pensava.
Sem poder conciliar o sono, naquela plácida e numa quietude profunda, ele matutava e cogitava a respeito da vida. Não aquela vida atribulada, repleta de surpresas, desenganos, alegrias, promessas. Mas a vida que ele estava desfrutando naquele momento insone.
Um galo, não muito longe, cocoricava em cima do muro de uma residência vizinha e seu canto ecoava límpido e saudoso em toda área. Ouvindo atentamente os ruídos noturnos que repercutiam, surgia nitidamente o apito da locomotiva, vindo da antiga estação da Sorocabana, anunciando a sua chegada, e cujo som constituía para alguns a fixação de um horário para se levantar.
Juntos, na madrugada, o forte andar de um cavalo, em seus passos vagarosos, puxando o carrinho de duas rodas em um ritmo lento e melancólico. A função: entregar pão ou leite a fregueses ainda adormecidos “nos braços de Morfeu” (que o diga o historiador José Ribeiro).
Ele sentia tudo, com ouvido aguçado, os mais vagos toques naquela quase apavorante escuridão. Ao longe, o trilar do apito do segurança, anunciando sua presença e alertando os “possíveis meliantes que podiam causar danos ou roubos aos moradores”.
Em cada quarteirão da cidade, um vigilante atento, zelando pelo patrimônio imobiliário ou procurando auxiliar a quem necessitasse de atendimento urgente.
Uma luz pálida e bruxuleante, sobressaia de uma modesta residência. Onde possivelmente, seus proprietários abominassem a total escuridão e aguardassem avidamente o surgir do sol “radiante, belo e cheio de vida”.
Nas distantes décadas de 30 e final de 1960, o plangente violão de Rubião (saudoso sapateiro) ou Paulo Motta, repercutiam seu som acompanhado seresteiros do porte de Jorge Vitorazzo, Orlando Scott, Celso Badin ou Dodô, posteriormente Paulo Ozi. Com melodias românticas, entoadas sob janelas de moçoilas enamoradas, ouviam canções como “Rosa, Deusa da Minha Rua, número 1, Deusa do asfalto, Serteneja, Chão de Estrelas, Jornalde Ontem” e outras jóias do cancioneiro popular brasileiro.
De quando em vez, a viatura da policia local, “a famosa Bastiana”, percorria as ruas e periferia e sob o comando do “secreta” o legendário Belarmino, garantia a segurança dos habitantes da cidade, atemorizando prováveis delinqüentes que perambulavam sob a má iluminação existente na época.
E dentre outros estranhos e complexos ruídos na madrugada, percebe-se antes do sol raiar, as colunas dos soldados do 5º Batalhão de Caçadores e, também, dos futuros reservistas do Tiro de Guerra, em marcha batida pelas principais ruas públicas de Itapetininga, entoando canções marciais e de incentivo ao amor à Pátria.

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