Caneta tinteiro já saiu de cena

Talvez uma agradável crônica poderia ser escrita, não em computador, mas, apenas por uma caneta-tinteiro.
Foi através desta oferenda, considerada um tanto esdrúxula para os tempos atuais e completamente fora da modernidade, pois agora se usam as melhores e sofisticadas tecnologias, que surgiu a ideia de explorar, embora tibiamente, o assunto.
Pois foi única e exclusivamente por essa razão, que com nosso amigo comum, que, Graças ao Poder Divino, completou nove décadas de existência. Com 90 anos nas costas, hoje um tanto curvado e passos trôpegos pelo peso da avançada idade, recebeu dentre os inúmeros presentes e lembrancinhas ofertadas pela feliz data, destacou-se uma caneta-tinteiro, em luxuoso estojo, acompanhado com o respectivo recipiente com tinta azul.
Nas cores pretas, azuis ou vermelhas a caligrafia diferia completamente das escritas elaboradas atualmente em escolas públicas, privadas ou em dependências oficiais.
Inseparavelmente existia o complemento desse instrumento da escrita: o mata-borrão. Tratava-se de papel poroso que absorvia tinta ou outro líquido. Após a escrita utilizava-se o mata-borrão para evitar qualquer mancha produzida no trabalho escrito.
Nas salas de estabelecimento de ensino, em remotos e saudosos idos, nas carteiras onde se assentavam geralmente dois alunos, encontravam-se incrustrados em cada canto da carteira o recipiente onde existia a tinta necessária para o exercício da escrita.
As canetas, com pena de espessura bem fina, eram introduzidas levemente e então, naturalmente, aptas a ser impressa nos apropriados folhas dos cadernos. Essas movimentações, por muitas vezes, manchava os dedos e as mãos, obrigando os usuários a lavá-las com certa urgência.
As tradicionais e famosas canetas-tinteiros Sheaffer e Park, além de outras mais simples, eram as preferidas e sofisticadas, adquiridas, com vidrinhos de tinta, em livrarias na rua Campos Sales: Pacheco, Camilo Lelis ou Camargo, sendo que muitos itapetininganos compravam as canetas na capital paulista, demonstrando com isso maior poder aquisitivo e uma situação social mais elevada.
Não existiam canetas padrões e sim de cores variadas, tamanho, sofisticadas e muitas de preços elevados, graças a sua qualidade excepcional utilizada por juízes, advogados, professores, médicos e outras categorias de alto nível profissional.
De grande repercussão histórica, foi a utilização da caneta-tinteiro, até os anos 40, responsáveis por atos realizados em prol da comunidade itapetiningana, como exemplificando, a década de 1.900 quando o prefeito José Soares Hungria assinou o contrato para a construção do “repuxo” do Largo dos Amores e o primeiro serviço de abastecimento de água à população, no bairro do Mato-Seco.
Com a caneta-tinteiro, em 1913, outro fato que consta na história local foi por ocasião da instalação da empresa elétrica Sul-Paulista no município, termo assinado pelo político Júlio Prestes, um dos diretores da concessionária. Nessa mesma época implantava-se na vizinha Sorocaba a Cia de Força e Luz, a “Ligth”, responsável pelo desenvolvimento da “Manchester Paulista”.

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