Pode-se contar nos dedos aqueles que se lembram, mesmo vagamente, do que foram os cinemas de outrora que refulgiram no cenário comercial e artístico desta cidade.
Eram as atraentes casas que se abriam à noite, convocando os itapetininganos em geral a sonharem emocionalmente com as películas românticas, ternas e inesquecíveis, produzidas na longínqua Hollywood – recanto da doçura e beleza.
Constituíam, na época, o entretenimento da população de todos segmentos sociais, sendo que, sistematicamente as noites, já se ouviam, ao longe, o agudo tilintar das campanhas colocadas nos prédios dos cinemas. Elas anunciavam o início das sessões cinematográficas.
Nas ruas Venâncio Aires e Monsenhor Soares, os majestosos prédios do “Ideal” – depois Olana e Itapetininga e na fervilhante Campos Sales a atraente São Pedro, o primeiro de propriedade da família Samarco, o segundo, o pioneiro a instalar cinema na cidade, de Salvador Brizola, “Vadozinho”, e o terceiro sob a responsabilidade de outro membro da família Samarco – não confundir com os Samarcos de Mariana, do Estado de Minas Gerais.
Filmes épicos, românticos e comédias, além dos notáveis foroestes – foram exibidos nessas casas de espetáculos com grande aceitação e agrado geral da população, bem como as “matinês” realizadas aos domingos e feriados, com a presença de inquietas crianças, cuja vibração atingia o ápice do entusiasmo quando das apresentações dos filmes seriados – empolgando os expectadores infantis. “O barulho era tanto que repercutia em toda área onde se situavam os cinemas”, comenta hoje o advogado Waldomiro de Carvalho Filho (o conhecido Xuca).
Com o desenvolvimento da indústria cinematográfica, ” manter uma casa deste gênero em funcionamento”, proclamava-se, “era um grande e valioso negócio, fonte certa de rendimento garantido”.
Foi com este motivo que moradores então, da região oeste de Itapetininga decidiram reivindicar a construção de um prédio destinado a exibição de filmes de alta categoria. Pensavam apenas em proporcionar aos moradores daquela região um ponto de atração e divertimento a mais para os itapetininganos. Não pretendiam colher lucros do empreendimento, “apenas para valorizar mais a área e tornar-se outro centro comercial desta Atenas do Sul. ”
Seriam beneficiadas as vilas Maria, Jardim Itália, Vila Nova, além das grandes extensões do centro da cidade e adjacência e, para isso, auxiliaram para o sonho tornar-se realidade conceituados moradores como os Alciati, Irmãos Ferrari, famílias Fagnani, Jubran, Belarmino, família Borba, Peiretti, Matarazzo e outras. Através de eleições escolheram o nome de “Cine Aparecida do Sul” um belo, agradável e útil presente para Itapetininga inteira.
Com festas, inaugurou-se o belo cinema – teatro, com o filme “Estrada do Medo, na década de 1950, com repercussão nesta região sudoeste do Estado. Situava-se nas confluências das ruas Cel. Pedro Dias Batista e Rodolfo Miranda Leonel, construído por uma imobiliária da capital e nos moldes dos grandes cinemas da capital paulista.
Foram dez anos de pleno funcionamento, após surgir a televisão, internet e outras novas tecnologias digitais, houve a decadência dos cinemas na cidade. O prédio foi vendido a uma empresa de São Paulo, transformando-se numa das maiores firmas de confecções atacadista do Estado: a Magister. Funcionando por quase 30 anos, fechou as portas, encerrando um ciclo progressista no município.
O prédio, símbolo de uma era de avanço no setor industrial de Itapetininga, encontra-se, agora, em fase de demolição e segundo se comenta, “em toda sua área será ornamentada por um edifício moderno de várias torres e, Itapetininga dá adeus a dois empreendimentos: – digno de exaltação: o Cine Aparecida e a Magister Confecções.
Mais de 20 mil pessoas vivem na linha da pobreza
Em Itapetininga, 20.814 pessoas vivem na linha da pobreza, ou seja, aquelas cuja renda per capita mensal familiar não ultrapassa o valor de R$ 706, metade de um salário mínimo,...