A Lagoa da Chapadinha, localizada no Parque Ecológico Regina Freire, tem gerado preocupação entre moradores e autoridades. A estiagem, que tem se intensificado nos últimos anos, compromete não só o ecossistema, mas também a qualidade de vida ao redor da lagoa, levando especialistas a alertarem para as causas e as possíveis soluções para o problema.
De acordo com o engenheiro ambiental e professor universitário, Vinicius Valio, duas causas principais estão por trás da seca da lagoa. “As mudanças climáticas, com temperaturas mais altas, aumentam a taxa de evaporação da água, o que somado à diminuição na precipitação anual, reduz a recarga da lagoa”, explica.
A falta de chuvas regulares, desde 2018, tem impactado diretamente a quantidade de água no reservatório, que já não conta com o mesmo volume para sua manutenção natural.
Além das questões climáticas, Valio aponta a impermeabilização do solo como um fator agravante. “O asfaltamento e a construção de áreas próximas à lagoa aumentaram a impermeabilização, diminuindo a recarga do lençol freático que alimenta a lagoa”, afirma. Outro problema identificado pelo engenheiro foi a má gestão do escoamento superficial da água da chuva, que, ao ser direcionada para outras lagoas da região, contribui para o esvaziamento da Lagoa Regina Freire.
Vinicius também fala sobre o planejamento nas obras urbanas. Ele sugere que alternativas mais sustentáveis, como o uso de pavimentação permeável em vez de asfalto, teriam amenizado o impacto na recarga hídrica da lagoa. “O piche não permite infiltração, retém calor e ainda demanda constante manutenção, gerando mais gastos públicos. É um recurso que deveria ser limitado a vias expressas”, pondera.
A solução para o problema, segundo o engenheiro, passa pela reversão do sistema de drenagem, de forma que a água escoada volte a alimentar a lagoa e não seja desviada para áreas mais baixas. Ele também destaca que uma nascente que antes contribuía com a recarga hídrica foi soterrada durante o processo de urbanização, o que piorou ainda mais a situação. “Perdemos uma nascente importante que ajudava a manter o volume de água”.
“Investiram muito dinheiro no parque ao redor da lagoa, com plantio de árvores e pistas de caminhada, mas faltou o olhar técnico necessário para preservar a própria lagoa”, finaliza.
Questionada sobre a situação atual da lagoa, a Prefeitura de Itapetininga não se pronunciou até o fechamento dessa edição.
Obras
No mês de julho, o Correio noticiou a revitalização da Lagoa da Chapadinha, no Parque Ecológico Regina Freire, em Itapetininga, que está em andamento com um investimento de R$ 500 mil. As obras são resultado de uma parceria entre o Governo do Estado de São Paulo, através do Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE), e a Prefeitura de Itapetininga. O projeto visa desassorear a lagoa, retirando sedimentos e material orgânico acumulados ao longo dos anos.
O DAEE informou que o desassoreamento ocorre nas bordas da lagoa, com o objetivo de aumentar a volumetria e disponibilidade hídrica. Durante a execução, pode ocorrer a turvação na água devido à movimentação dos sedimentos. Não há remoção de material orgânico, apenas de sedimentos granulares provenientes do assoreamento. A Secretária de Meio Ambiente de Itapetininga formalizou a Inexigibilidade de Licenciamento Ambiental, sendo realizado um ensaio sobre o sedimento removido antes e depois dos serviços.
Para evitar possíveis impactos ambientais, são utilizadas “ensecadeiras” durante a execução dos serviços, que não impactam negativamente a lagoa. Barreira de sedimentos são usadas para proteger as espécies nativas. A qualidade da água deve melhorar com o desassoreamento, aumentando a oxigenação e contribuindo para a fauna e flora aquática. No entanto, o DAEE esclareceu que o monitoramento da qualidade da água não faz parte do Programa Rios Vivos.
A Prefeitura de Itapetininga, através da Secretaria de Obras, pede a compreensão dos frequentadores do Parque Ecológico Regina Freire durante o período das obras. Com a revitalização, a expectativa é atrair ainda mais visitantes e turistas para a região, melhorando a infraestrutura de lazer e preservando o ecossistema local.
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