A região de Itapetininga, conforme dados do Instituto de Economia Agrária (IEA) teve entre 2021 e 2022, queda de 54,76% na produção do leite. A produção de litros por ano era 96.083 e no ano seguinte o fechamento foi de 43.473. Ainda conforme os dados, o número de vacas em lactação, ou seja, que estão produzindo leite, também caiu. Foi de 27.004 cabeças para 15.034, o que representa 44,33%. Especialista alerta para alto custo de produção, volatilidade da economia e uma quantidade significativa de produtores que migram para outras culturas como fatores que levaram a estes resultados negativos.
Os dados são referentes ao Escritório de Desenvolvimento Rural (EDR) que envolvem a cidade de Alambari, Cesário Lange, Quadra, Porangaba, Sarapuí, Tatuí, Torre de Pedra, Angatuba, Campina do Monte Alegre, Capão Bonito, Guareí, Itapetininga, Ribeirão Grande e São Miguel Arcanjo.
O gerente de suprimentos lácteos, Eneo Garcia explica que é importante ressaltar que a queda de produção de leite em Itapetininga não é um fato particular do município ou da região. “Tivemos vários fatores que contribuíram para a queda da produção. Podemos citar: aumento do custo de produção em função do custo da alimentação (milho e soja em especial); maiores oportunidades para a terra (arrendamento, migração para agricultura); mão de obra escassa, atividade com um baixo percentual de sucessão familiar”, explica.
O especialista ainda destaca que o volume de capital investido na produção de leite é alto, a taxa de juros e a economia oscilante – sem ou com baixa possibilidade de fazer planejamento de longo prazo – prejudicaram o setor. “Tivemos também a pandemia. Outra questão é pensar que temos média etária dos produtores acima dos 50 anos e estes precisam trabalhar 365 dias por ano com o leite, logo é preciso um grande esforço físico e mental para se manter na cultura em detrimento a outras que exigem menos do trabalhador. Isso faz com que muito deixem o setor”, alerta.
Segundo estudos do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada – CEPEA Esalq/USP, a queda tem três principais motivos: custos da produção, margem estreita de lucro e o clima. Segundo o Projeto Campo Futuro, parceria entre a Confederação Nacional da Agricultura e o Cepea, mostram um aumento de 50% no custo de produção.
Em 2022, houve certa estabilidade dos custos mesmo diante do cenário de inflação global, com alta de 2,5%, sendo um panorama mais positivo frente aos anos anteriores. Em 2021, o COE subiu 18,7% e em 2020, a alta foi de 23,4%. No Estado de São Paulo, o preço líquido médio do litro de leite pago ao produtor foi de R$ 2,18 no ano de 2021, no período seguinte a média foi de 2,79.
Desafios
Eneo ainda explica que os grandes desafios hoje para o setor lácteo são: “competir com os recordes de volume de leite importado que é comprado do Mercosul, onde possuem custos, sistemas produtivos e tributários muito diferentes do Custo Brasil. Mercado consumidor com baixa capacidade de compra, custo logístico e financeiro com aumentos significativos na composição final do produto, o que reduz a capacidade de pagamento da matéria prima leite e varejo muito articulado e com grande pressão de compra por preço e prazo de pagamento, além de uma política tributária que penaliza quem produz e extremamente complexa. É preciso ainda investir em genética”.