No próximo domingo, dia 9, será celebrado o dia das mães. Pelo segundo ano, a data será comemorada em meio a pandemia da Covid-19. Em um momento em que muitas famílias se despediram de suas mães, o Jornal Correio, preparou uma reportagem especial com algumas mulheres, mães, que estão na linha de frente no combate a pandemia. Elas que têm deixado suas famílias em casa, para cuidar da família de outras pessoas.
A reportagem perguntou como tem sido rotina, o que mudou no dia-a-dia, como é enfrentar o combate a doença e ainda pediu para que elas deixassem um recado par ao Dia das Mães.
Aparecida da Conceição Camargo Pinto – Auxiliar de lavanderia
JC- Como tem sido a rotina após mais de um ano de combate a pandemia?
A rotina mudou completamente com a pandemia. Em dia de coleta, eu percorro todo o hospital recolhendo a roupa suja como lençol, cobertor, fronhas, camisolas, dentre outros. Em dia de lavar, separo as roupas, coloco na máquina e há também o dia da entrega das roupas limpas. Com a pandemia, preciso utilizar os EPI’s corretos para a proteção, os cuidados de higienização também dobraram: lavo muito bem as mãos, higienizo os calçados e roupas, distanciamento, evito sair, tudo para a proteção. É um cuidado para não me infectar e também o cuidado com tudo que foi lavado para oferecer o máximo de segurança ao paciente.
JC- O que mudou na rotina com a família?
Não vejo mais parentes distantes, tenho muito mais cuidado com a higienização e não reúno os familiares. Tenho os pais idosos, quando faço a compra no mercado para eles, deixo no quintal da casa deles evitando o contato. O meu filho e a minha nora tiveram Covid-19 e o meu neto pequeno precisou ficar comigo por 10 dias, os cuidados para não pegar e transmitir a doença foram e continuam sendo muitos! Precisamos nos proteger.
JC-O seu trabalho é essencial para o combate a pandemia, como mãe, como tem sido enfrentar essa missão?
É uma tensão trabalhar com esse contato direto com a doença, mas também é uma felicidade enorme quando vemos altas. O meu próprio irmão ficou internado no HLOB, recebeu todo o cuidado necessário e venceu à Covid-19. Nesse período difícil, recebemos muito carinho e palavras de incentivos, tanto dentro do hospital quando de pessoas na rua. Isso é gratificante.
JC-Como mãe, qual recado você deixa nesse Dia das Mães?
Ame mais! A vida é um sopro! Esteja mais perto dos filhos, ame mais os pais, aproveite!
Fernanda Alves Ribeiro- Auxiliar de limpeza
JC- Como tem sido a rotina após mais de um ano de combate a pandemia?
Trabalho no setor de limpeza, já trabalhei na ala Covid-19 e atualmente faço parte da equipe de limpeza do Pronto Socorro. Sempre tivemos o cuidado com a higienização hospitalar para evitar transmissões e agora, mais do que nunca, nosso trabalho é essencial para trazer segurança. Eu higienizo, pelo menos, três vezes ao dia todos os setores do Pronto Socorro, como leitos, postos de enfermagem, consultório médico, mesas, balcões, banheiros e outros. É preciso muito cuidado para não pegar a doença e não deixar que os pacientes peguem, através de uma boa higienização. Utilizo todos os EPI’s necessários, tenho muito cuidado em lavar as mãos e seguir todos os protocolos corretos.
JC- O que mudou na rotina com a família?
Moro longe da minha família, antes visitava eles todos os meses, principalmente minha neta pequena. Agora com a pandemia faz um bom tempo que não os vejo, é tudo por videochamada. Não tem mais abraço, é tudo com distanciamento. Minha neta sempre fala da saudade e como queria um abraço, dá dó, mas eu sei que é para a segurança de todos.
Em casa, a limpeza redobrou. Só saio para o necessário.
JC-O seu trabalho é essencial para o combate a pandemia, como mãe, como tem sido enfrentar essa missão?
Eu tenho medo de me contaminar e muita precaução para não deixar ninguém se contaminar. Perdi meu pai para a Covid-19 e três primos. Não é fácil! O medo ficou, hoje vivo como se fosse meu último dia. Em contrapartida, recebi muito carinho dentro e fora do HLOB, principalmente dos pacientes que estão em isolamento. Eles conversam, agradecem e em cada alta é uma alegria.
JC-Como mãe, qual recado você deixa nesse Dia das Mães?
Viva o seu dia como se fosse o último, porque no amanhã a gente não tem mais certeza! Ame mais!
Juliana Barbeta dos Santos – Enfermeira
JC- Como tem sido a rotina após mais de um ano de combate a pandemia?
Tudo mudou! Trabalho na emergência respiratória, uma ala que foi criada devido à pandemia. Antes eu trabalhava na emergência convencional. Foi assustador essa mudança, principalmente porque tenho duas filhas gêmeas de quatro anos e, de repente, me vi em um local com grande possibilidade de contaminação. O medo aumentou, mas também aumentou o empenho da equipe para salvar vidas. Muito esforço, dedicação e todos os cuidados necessários. Todos em sintonia para o melhor aos pacientes.
JC- O que mudou na rotina com a família?
Os cuidados foram intensificados para eu não me contaminar e não levar para a casa. Higienização intensificada ao entrar em casa, cortei visitas de familiares, inclusive, há familiares que não vejo desde o início da pandemia. Só saio para o necessário e sempre com distanciamento. Depois da vacina que me senti um pouco mais segura, mas mesmo assim, todos os cuidados são tomados da mesma forma. Não tive Covid-19 e nem minha família, mas se minhas filhas estivessem com o nariz escorrendo, por exemplo, eu já ficava nervosa. É preciso muita atenção, família é o nosso bem mais precioso!
JC-O seu trabalho é essencial para o combate a pandemia, como mãe, como tem sido enfrentar essa missão?
A missão é desafiadora cada vez mais. É novo em todos os sentidos conviver com a doença dentro do hospital e fora também. Tenho medo até hoje, mas me acostumei e aprendi a superar esse medo preenchendo de determinação.
Recebi mais reconhecimento, atenção e isso foi algo positivo, tanto no ambiente hospitalar como familiar. O apoio é essencial!
Cada paciente curado também é uma renovação de forças para todos nós que estamos na linha de frente. Comemoramos juntos cada batalha vencida.
JC-Como mãe, qual recado você deixa nesse Dia das Mães?
Quero que todos se conscientizem da gravidade desse vírus, porque ele ainda não acabou e está destruindo famílias inteiras. O meu desejo é que todas as mães internadas possam voltar para suas famílias e que todos os filhos voltem para as suas mães! Cada um tem a sua crença e religião, mas eu só tenho a agradecer a Deus e a Nossa Senhora por me permitir cuidar do próximo e no final de todos esses dias ter tido a graça de retornar para minha família com saúde, porque também sou mãe e minha maior preocupação são minhas filhas, minha família.