Por Mayara Nanini
Ela tem brilho nos olhos e anda sempre impecável. Possui um currículo digno de aplausos e uma doçura que transborda. É Advogada, referência na área de Adoção, professora, participante ativa de congressos, coordenadora de cursos, escritora e Acadêmica da Academia Itapetiningana de Letras. Mas, acima de tudo, é uma mulher entusiasmada e temente à Deus.
Seu nome é Eunice Ferreira Rodrigues Granato. Nasceu em Sorocaba, no dia 06 de junho de 1937 e, no dia 31 de maio de 1996 recebeu o Título De Cidadã Itapetiningana, o que lhe tornou Itapetiningana de coração e de Direito.
Nossa querida Nicinha, como muitos chamam carinhosamente, é filha de Thomaz Rodrigues (cidadão espanhol radicado em Sorocaba) e Guanabara Ferreira Rodrigues (Itapetiningana).
Pelo lado materno, é neta de Luzia de Carvalho Ferreira e Adherbal de Paula Ferreira, cujo nome foi dado a uma das nossas escolas. E, quanto tal honraria, se recorda que o avô recebeu em vida, no dia 21 de abril de 1944, momento que ela estava presente. Em suas lembranças mais doces está o dia da Solenidade. Diz que ainda é possível visualizar a imagem da mão do avô se entrelaçando na sua, enquanto a banda tocava.
Sua primeira graduação fora no curso de Serviço Social (Pela PUC), por desejar um trabalho próximo da realidade social e com possibilidade de ser útil para as pessoas. Teve possibilidade de trabalhar no então Juizado de Menores, hoje Vara da Infância e da Juventude. Isso a levou também para a graduação em Direito (pela FMU) e consequente Doutorado em Adoção (Universidade Mackenzie).
Casou com Rafael Domingos Granato (em 1959) e residiu em diversos Municípios, em consequência do trabalho do marido na Magistratura. Do fruto desse amor nasceram Rafael, João, Roberto e Paula.
O ano de 1982 há de se configurar um grande marco nessa linha do tempo tão rica. Foi a época em que a família transferiu residência para Itapetininga. Desde então contribuem de forma valiosa para o crescimento de nossa cidade.
Em razão da força de um destino marcado pelo amor e por profundo mérito, no dia 05 de março de 2024 (terça-feira) fez 20(vinte) anos que Doutora Eunice iniciou sua missão na Academia Itapetiningana de Letras, com o Grau Acadêmico titular da Cadeira de número seis, cujo patrono não poderia ser ninguém menos que Adherbal de Paula Ferreira, seu amado avô.
Partindo desse sonho materializado, convém reforçar as raízes profundas dessa nossa querida Cidadã Itapetiningana. O seu amor por Itapetininga está intimamente ligado ao fato de ter aqui vivido a maior parte da sua infância e juventude: “Convivi com meus familiares e amigos, absorvendo os valores que me eram transmitidos. Tenho ótimas lembranças do curso primário no Instituto Imaculada Conceição, Ginasial e Magistério no Instituto Peixoto Gomide, onde concluí o curso de magistério em 1954, em que se comemorava o quarto centenário de São Paulo. Na mesma época, cursei inglês no Centro Cultural Brasil- Estados Unidos, hoje Casa Kennedy, onde comecei a lecionar aos 14 anos de idade. Inesquecíveis também as apresentações do Coral do Centro Cultural Brasil-Estados Unidos, do qual eu fazia parte, sob a orientação da extraordinária senhora Professora Maria Aparecida de Camargo Prestes. Os bailes do Clube Venancio Ayres, o footing no Largo dos Amores, as quermesses no Largo da Matriz também estão vivos na lembrança de todos os que viveram nesta cidade naquela época”.
Hoje, coleciona memórias e marca a história a partir de sua trajetória magnífica. Com seus 86 anos guarda o mesmo entusiasmo do dia em que segurou a mão de seu avô, enquanto ouvia a banda tocar. Sabe valorizar o acolhimento e empatia ao próximo. Ainda tem viva a lembrança de como o avô tratava bem aqueles que nada tinham a oferecer quanto bem material.
Doutora Eunice está sempre com o sorriso no rosto e ganha elogios por andar impecável. Muito divertida ela rememora o que seu avô Adherbal mencionava: “Meu avô sempre foi muito caprichoso. Ele dizia que o segredo se pautava no ato do jovem se arrumar para agradar e os velhos para não desagradar”. Desde então busca sempre se arrumar, demonstrando também que, além da beleza interior, sua beleza exterior é reluzente.
Diante de tantos projetos vivenciados, se recorda também das reuniões da Academia Itapetiningana de Letras e trabalhos realizados nas escolas. Enaltece as gravações das entrevistas arquivadas no MIS, sob custódia do Dr. Roberto Hungria, como fonte viva da cultura de nossa antiga Itapetininga.
Espera maior dinamismo e interação com as escolas e com a infância e juventude. Deseja estimular o gosto pela leitura e pela arte. Também está ansiosa para acolher as ideias e projetos dos novos membros que tomaram posse no dia 01º de março de 2024.
Como fonte viva de sabedoria, nossa Acadêmica mantém como referência principal sua gratidão. Considera válida a garra de alguém, o que lhe torna uma mulher entusiasmada pela arte e pela vida: “Tenho GRATIDÃO a Deus pela vida. A conexão com o altíssimo, o cuidado com a nossa espiritualidade. Gratidão aos nosso pais por terem nos criado, sem eles não estaríamos aqui. Gratidão pelos talentos, os dons que recebemos e temos a obrigação de fazê-los frutificar. Entusiasmo, garra, em todas as nossas atividades. Nunca ser uma pessoa morna”.
Em dona Eunice inexiste espaço para coisas mornas. Ela é entusiasmada em todas as áreas de sua vida e aquece o coração de quem encontra seu abraço. É o abrigo para amigos, clientes, leitores, alunos, conhecidos e principalmente para sua família amada – da mesma forma que seu avô tanto fora exemplo na sua infância.
Os filhos Rafael, João, Roberto e Paula – como prova desse amor que transborda – querem deixar uma mensagem: “Que além de todos os predicados aqui já elencados, também é uma mãe amorosa e incrível, que se preocupa com todos nós; inclusive com netos, noras e toda a família. Te amamos, mamãe”.
Nossa entrevistada acredita que tudo o que se escreve e se fala é resultado das próprias vivências. Esse lema ilustra de forma singela o legado profundo da nossa querida Doutora Eunice. Uma fonte de doçura, leveza, empatia, gratidão e sensibilidade.
Que sigamos esse exemplo de mulher, a fim de que nossas atitudes – emanadas a partir de uma força entusiasta pela arte – despertem o brilho de nossa cidade e acolham gerações.