Itapetininga tem se destacado na economia criativa, um setor em expansão que engloba moda, design, artes visuais e tecnologia. De acordo com o Sebrae-SP, responsável por mapear a evolução das micro e pequenas empresas (MPEs), a cidade abriga 1.226 MPEs dedicadas à economia criativa, com a publicidade e os serviços empresariais liderando o grupo. O segmento de moda se destaca com 335 empresas, seguido por áreas como cinema, rádio e TV (86 empresas) e artes cênicas (59 empresas). As artes visuais e as atividades artesanais também têm uma presença importante, com 57 e 38 empresas, respectivamente. No entanto, design e desenvolvimento de software e jogos digitais ainda têm uma representação menor.
De acordo com a Prefeitura Municipal de Itapetininga, as Leis Paulo Gustavo e Aldir Blanc, implementadas no município por meio da Secretaria de Cultura e Turismo, fomentam e impulsionam a economia criativa, possibilitando o desenvolvimento de dezenas de projetos que valorizam as mais diversas expressões artísticas. Esses projetos proporcionam, além da visibilidade aos produtores locais, a geração de renda e emprego dentro de um ciclo econômico.
Para apoiar o desenvolvimento deste setor, o Centro Profissionalizante Municipal (Ceprom), o Fundo Social de Solidariedade e a Secretaria de Agricultura, Agronegócio, Trabalho e Desenvolvimento, em parceria com Sebrae, Senai, Sincomercio, Sindicato Rural e Associação Comercial, implementam dezenas de cursos e oficinas profissionalizantes e de capacitação. Esses cursos são voltados para promover a economia criativa e capacitar os cidadãos itapetininganos na abertura de seus próprios negócios e para a geração de renda e emprego. Todos os cursos são gratuitos e garantem certificação ao participante.
A cidade também conta com eventos que promovem a economia criativa, incluindo a Feira da Lua, Roda e Bazar Bem Bacana. Estes eventos não só destacam a produção artesanal e criativa, mas também desempenham um papel importante na inclusão econômica e social, especialmente para mulheres empreendedoras.
Thais Trisltz, artista têxtil especialista em ponto cruz, compartilha sua perspectiva sobre a economia criativa em Itapetininga. “Minha trajetória na economia criativa começou da necessidade minha e de uma amiga de termos um espaço para produzir, divulgar e vender nossas produções têxteis. A partir daí, comecei a me inserir no meio artístico e a dar aulas. Este ano, lancei um curso de bordado em uma das maiores plataformas de criatividade do mundo, a Domestika,” conta.
Ela explica como sua arte se encaixa no cenário local: “Na economia criativa, me enquadro na área de criação e produção de peças artesanais exclusivas e autorais, além de releituras da cultura clássica e contemporânea.” Trisltz ressalta a importância das atividades manuais: “Acredito profundamente na cultura do feito à mão e que as atividades manuais são fundamentais, fazendo parte do dia a dia de todos nós. Elas estão sempre se reinventando de acordo com as mudanças culturais de cada local.”
No entanto, Trisltz também aponta desafios: “Tenho uma visão crítica sobre a falta de reconhecimento da arte criativa no cenário econômico atual. Apesar dos diversos esforços, o interesse na economia criativa sempre foi escasso em nossa região.” Ela destaca o impacto da pandemia em seu trabalho e a adaptação necessária: “A pandemia afetou meu trabalho da mesma forma que afetou todas as áreas. Tive que me reinventar para que meus produtos continuassem a ser vendidos, criando cursos online e intensificando o uso das tecnologias.”
Seu projeto mais importante é a casa colaborativa Cazulo, que, segundo ela, é um exemplo de como a colaboração pode ser uma força poderosa na economia criativa: “Este projeto foi possível graças à nossa união e ao ideal de colaboração, que é central para alguém que quer se inserir na economia criativa.”Trisltz oferece um conselho para aspirantes a empreendedores criativos: “Para aqueles interessados em seguir nesta linha, recomendo entrar em contato com pessoas que compartilhem os mesmos interesses e que possam se fortalecer mutuamente na construção de seus próprios negócios.”