A desvalorização da educação é um dos maiores desafios enfrentados pelos professores no Brasil, segundo o professor Maurício Xisto, que tem 28 anos na área. “O mais difícil tem sido mostrar aos alunos a importância da educação, do aprender. O aprendizado sistematizado está em baixa, e isso dificulta muito o trabalho em sala de aula”, afirma ele.
Xisto começou sua carreira em 1996, incentivado por um amigo, Edson Mascarello, a ingressar no magistério. Originalmente, ele pretendia seguir a agronomia, mas, após o contato com professores como Portella, Iraci Massafera e Eva Weber, seu foco mudou. “Foi a partir deles que comecei a amar a arte de ensinar”, relembra.
No início, ele trabalhou na rede pública, lecionando para uma turma de 2º ano na extinta Escola Anália Franco. Contudo, a falta de incentivo para novos professores o levou a migrar para a rede particular. “Naquela época, o estímulo para os iniciantes era praticamente inexistente”, explica. Em 2014, ele decidiu retornar à rede pública, onde permanece até hoje.
Para Xisto, ser professor vai além de transmitir informação. “Nós criamos e recriamos sonhos, muitas vezes sem perceber”, comenta. No entanto, ele reconhece que o desinteresse pelo aprendizado impacta diretamente o trabalho em sala de aula. “Isso afeta diretamente o nosso trabalho”, pontua.
Apesar das dificuldades, uma das maiores recompensas para Xisto são as mensagens que recebe de ex-alunos. “Quando um aluno te reconhece e te agradece, é algo que não tem preço”, diz.
Contudo, ele lamenta que o reconhecimento da sociedade em geral seja escasso. “O reconhecimento deveria ser a força motriz da docência, mas é justamente o que mais falta”, reflete.
Ciente das pressões que os professores enfrentam, Xisto destaca a importância de cuidar da saúde emocional. “Pode parecer modismo, mas a saúde emocional é a principal habilidade para lidar com as dificuldades”, afirma.
Ele também ressalta a necessidade de mais estrutura na educação pública para enfrentar os desafios. “A educação precisa de trilhos, de mais suporte para os professores e alunos”, conclui.