Por: Milton Cardoso
A igreja do Nossa Senhora do Rosário e o prédio do Centro Cultural são provavelmente as mais antigas construções de Itapetininga. O centenário templo religioso foi construído em taipa de pilão, técnica comum nas construções paulistas entre os séculos 16 até a primeira metade do século 19.
A igreja foi inaugurada em agosto de 1873, quando a cidade possuía pouco mais de 500 residências particulares. Os escravos liderados pelo mestre de obras Antônio Florêncio de Azevedo, “em suas poucas de folga foram gradativamente construindo a nova capela, defronte a antiga Capela de Santa Cruz, praticamente desativada após a transferência do cemitério para outro local”, segundo o historiador José Luiz Ayres Holtz
Na década de 1930, foi encontrada uma telha com a seguinte inscrição “Enfornada em 1840”. Este achado possibilitou os pesquisadores da história da cidade, a entenderem com a igreja foi construída. “Comparando aspectos da construção constata-se que a parte posterior da atual Igreja tenha sido a primeira capela, com os negros construindo um novo corpo para o templo”, explicou Holtz.
Entre 1887 e 1888 , o prédio precisou de uma primeira reforma. Com o perigo de desabamento no local onde eram celebrados os ofícios religiosos, a Irmandade do Rosário realizou interferências no local com alicerces mais seguros.
Outras reformas ocorreram no decorrer dos anos, promovendo modificações tanto internas como externas.
No seu livro “Um Adeus em Cada Esquina”, Hehil Abuazar lamentava que um reforma ocorrida na década de 1960 “alterou muito o seu estilo genuinamente colonial. Não só externamente, como também no seu interior as mudanças que foram feitas acabaram por destruir a arte pura. Hoje não é nem de estilo colonial nem de nada. (…)”
Na publicação, ele relembrava de um fato significativo que ficou marcado na memória dos moradores da cidade por muitos anos. “Lá por volta de 1940, durante uma estrondosa chuva sobre a cidade, caiu um raio que derrubou uma das torres da igreja do Rosário. Centenas de pessoas vinham diariamente de todos os cantos para observar o fenômeno milagroso: a imagem da santa, localizada no meio, nada sofreu. Ficou sendo por muito tempo comentado esse caso”.
E complementou: “De fato, eu era menino ainda, e lembro-me disso. Estudava no ginásio, ao lado da própria igreja, pois ali antigamente era onde funcionava, e sempre antes de ir às aulas parava por alguns minutos para contemplar junto à multidão a torre destruída com a imagem da santa absolutamente intacta”.