A Agência Paulista de Promoção de Investimentos e Competitividade (InvestSP), órgão do governo estadual, ainda não é capaz que corrigir desiquilíbrios regionais. Cidades como Itapetininga, Itapeva e Registro não têm nenhum investimento para o setor industrial. Na divulgação do site, por exemplo, Itapetininga conta com apenas um empreendimento beneficiado na área da produção florestal. A última indústria, segundo o site, foi implantada há 9 anos. Então, tende a favorecer as regiões que já são mais ricas e desenvolvidas, como Campinas, São José dos Campos e Ribeirão Preto.
Para o professor de Itapetininga, formado pela Unicamp, Jovir José de Almeida Filho, a atual a industrialização vive uma nova revolução, agora promovida pelo que se chama como inteligência artificial. “Neste sentido, a figura do estado precisa acompanhar o desenvolvimento e, sim, promover a correção de distorções, sobretudo para ao menos reduzir a pobreza e as desigualdades”, frisou o entrevistado. E complementou que há ferramentas e recursos para isso, mas “falta vontade política”. A média salarial da indústria é superior se comparada a de outros setores.
Conforme ainda Jovir, o governo deveria ter um olhar diferenciado para as regiões carentes em industrialização. Ele disse que problemas históricos, como “a falta de atenção para com o desenvolvimento de regiões mais pobres industrialmente fica ainda pior, ainda mais crítico”, sentenciou diante da concentração dos investimentos nas cidades mais desenvolvidas.
Caso o governo estadual seja o indutor do desenvolvimento, as regiões de Itapetininga, Itapeva e Registro enfrentariam menos problemas sociais, indicou. Ele destaca as migrações para os grandes centros urbanos. “Os deslocamentos populacionais geram as grandes favelas nos maiores centros industrializados do estado”, comentou o professor. O papel do InvestSP seria de “atender minimamente” as regiões menos industrializadas direcionando novas fábricas para esses territórios, destacou Jovir.
“A possibilidade de desenvolvimento é gigantesca, basta observar a instalação de uma indústria láctea em Itapetininga. Mesmo a cidade não sendo uma grande referência leiteira, mas sendo um importante centro para concentração de produção e de distribuição”, citou. Ao concentrar os financiamentos das indústrias, o governo estadual “repete o perfil político-econômico do país, em que os mais ricos e poderosos podem mais e os mais pobres podem menos”, criticou Jovir. “A região sul paulista jamais levou a fundo um debate do desenvolvimento industrial”, concluiu.
Agência auxilia na definição do local para futuras empresas, diz site
A definição da cidade para instalação de uma indústria tem a colaboração estratégica da InvestSP, que é vinculada à Secretaria de Fazenda e Planejamento. Conforme informações oficiais, os empresários recebem informações detalhadas que ajudam a definir o investimento no estado. O órgão atua “no auxílio à localização de áreas adequadas para implementação; apoio em infraestrutura; informações sobre financiamentos e articulação com órgãos públicos e privados”, informa o texto da página eletrônica da instituição.
A missão da agência é “desenvolver o estado de São Paulo por meio da promoção de investimentos, aumento das exportações, incentivo à inovação e melhoria do ambiente de negócios, além oferecer assessoria tributária e ambiental”, conforme o site oficial. Para isso, atua como porta de entrada das empresas que pretendem se instalar ou investir na expansão dos seus empreendimentos em solo paulista.
Oficinas em Registro
A InvestSP realizou oficinas em Registro como Feira Encantos do Ribeira, programa investe Registro e TecnoCidades para impulsionar a economia daquela região. O site garante que foram realizadas ações de capacitação in loco de agentes municipais para promoção de investimentos e novos negócios. Não há indicação que esses eventos ocorreram em Itapetininga e Itapeva.
Resposta
InvestSP admitiu que “não direciona os investimentos”
Em resposta à reportagem, a InvestSP admitiu que não direciona os investimentos da empresa, logo não contribui para reduzir os desequilíbrios regionais. “A agência dá o apoio para empresas aos seus projetos, não direcionamos, portanto, seus investimentos e decisões de aplicação”, informou para o Jornal Correio.
A InvestSP também argumenta que respeitaria “as vocações regionais”, neste sentido, cidades que possuem o perfil agropecuária, tendem a ser excluídas de investimentos industriais. O órgão ainda revela que manteve contato com a Prefeitura de Itapetininga, em maio, que indicou “opções de áreas disponíveis para investimento no município e que podem ser apresentadas para empresas estrangeiras”, relatou, sem informar quais empresas.
Conforme ainda a resposta, a InvestSP lembra de duas empresas que se instalaram em Registro, porém uma na produção de tilápias, em 2020, e outra na distribuição de produtos de beleza, em 2019, entretanto nenhuma indústria é citada. Sobre Itapetininga, o órgão confirma que o último investimento foi há nove anos, com o apoio da agência. Sobre Itapeva, não há nenhum comentário.