Em Itapetininga o mês de junho foi marcado como o período de menor precipitação, de acordo com dados fornecidos pelo observador Wilmo Pires de Oliveira, da Secretaria de Agricultura. Com apenas 0.6 milímetros de precipitação registrados neste mês, este é o junho mais seco dos últimos treze anos na cidade.
A análise de dados revela que, enquanto junho de 2011 registrou 51.4 milímetros de chuva, junho de 2024 apresentou um alarmante índice de apenas 0.6 milímetros.
Segundo o agrometeorologista Daniel Nassif, a principal razão para essa situação extrema foi a formação de um bloqueio atmosférico devido a uma zona de alta pressão, impedindo que a umidade e as chuvas alcançassem a região.
Nassif explicou que a transição do outono para o inverno, que ocorre em junho, normalmente traz frentes frias vindas do sul do Brasil, carregadas de umidade e seguidas de queda de temperatura. No entanto, este ano, o bloqueio atmosférico impediu a chegada dessas frentes frias, resultando em um mês de junho seco e com temperaturas acima da média esperada.
“Esse bloqueio atuou como uma barreira impenetrável, mantendo a umidade afastada e deixando nossa região sem as chuvas habituais”, destacou Nassif.
Historicamente, Itapetininga registra entre 60 e 80 mm de chuva em junho. No entanto, este ano, as precipitações foram insignificantes, trazendo um período de seca atípico e temperaturas mais elevadas.
Para os próximos meses, Nassif prevê a entrada de algumas frentes frias com chuvas leves, mas nada significativo que possa restaurar os níveis de umidade do solo ou encher rios e reservatórios de água. “Estamos no meio do período mais seco do ano, e a expectativa é que as chuvas mais abundantes só retornem no final de outubro”, afirmou ele.
Este período seco está inserido em um contexto mais amplo de mudanças climáticas. Nassif apontou que junho marcou o início da transição entre o fenômeno El Niño, que terminou, e a previsão da chegada do La Niña até o final de agosto. Essas mudanças nas temperaturas das águas do Oceano Pacífico influenciam diretamente os padrões climáticos globais, incluindo a formação de barreiras atmosféricas como a observada este ano.
“Com as alterações climáticas, eventos como esse de períodos secos prolongados podem se tornar cada vez mais frequentes, exigindo adaptações, especialmente no setor agrícola”, alertou Nassif.
Para lidar com os efeitos da seca prolongada, Nassif recomenda que a população local tome medidas para aumentar a umidade do ar em casa, como o uso de umidificadores ou métodos simples como toalhas molhadas. Ele também sugere evitar atividades físicas durante a tarde, quando a umidade do ar está mais baixa, para reduzir o risco de problemas respiratórios.