“A situação em nosso bairro está insustentável. Tínhamos um bairro tranquilo e sem muito movimento e quase nada de sujeira. Agora estamos reféns dessa secadora que passa dia e noite soltando palhas dos grãos que ela seca. Crianças que têm problemas respiratórios e passam a maior parte do tempo com tosse e tudo mais que essa fuligem acarreta”, essa é a situação relatada por uma moradora do Jardim Monte Santo que prefere não ser identificada.
O motivo de tamanha indignação por parte dos moradores é devido aos resíduos de grãos liberados por um silo de cereais recentemente instalado no bairro. As queixas, amplamente divulgadas em uma rede social, chamam a atenção pela quantidade de resíduos no chão das casas (confira nas imagens).
De acordo com a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), a empresa que opera silo secador recebeu um Auto de Advertência em relação aos resíduos emitidos.
Em nota, a agência ambiental afirmou que está avaliando as medidas legais cabíveis, após “constatar, pela segunda vez, o incômodo à população vizinha à empresa de cerais, localizada na R. Dr. Francisco de Assis Iglesias, no Jardim Monte Santo”. Ainda segundo a Cetesb, a Companhia prosseguirá nas suas ações de fiscalização no empreendimento.
“Nossas casas ficam inundadas pela sujeira e nem adianta fechar porque essas casquinhas são finas e penetram dentro até mesmo dos armários. Fui criticada por postar minha indignação, mas não se trata de fechar a empresa, mas sim que essa cumpra o que é determinado por lei” diz a moradora ouvida pela reportagem.
Luciana Lopes, moradora do bairro, também descreve a situação insustentável: “Tem dias que está mais controlado, mas tem dias que está demais. Olhando para o telhado de casa, você vê claramente aquela chuva de casquinhas caindo de cima do telhado. A reclamação dos moradores é devido a problemas respiratórios, e sem contar a sujeira, é irritante demais. São casquinhas muito leves, à medida que você tenta varrer para limpar, com o próprio movimento da vassoura, ela se espalha”.
O outro lado
Em resposta às reclamações da comunidade, a Ventura Cereais Ltda informou que como medida corretiva, decidiu interromper as atividades de secagem desde a última quarta-feira, dia 13, às 12h. Em nota, a empresa também anunciou a contratação da instalação de filtros adicionais para melhorar a captação das partículas e reduzir a emissão de resíduos.
A empresa ainda lamentou o transtorno causado. “Estamos tomando todas as medidas cabíveis para solucionar o problema, lembrando que nossa missão é agregar valores à cidade de Itapetininga, e consequentemente ao bairro no qual estamos localizados”, diz a nota.
Ao Jornal Correio a empresa também apresentou um laudo técnico assinado pela empresa Ambient’AR Soluções Ambientais LTDA que ratificou a adequação da unidade em questão quanto à emissão de particulados de acordo com as leis vigentes nos sistemas de captação a serem instalados.
O laudo também indica que os sistemas instalados na unidade se enquadram nas normas de emissão de partículas CONAMA 03/1990 para os padrões primários da qualidade do ar.