A atual falta de chuvas tem preocupado agricultores e moradores de Itapetininga. Para entender melhor os fatores que contribuem para este cenário e as possíveis soluções, conversamos com o agrometeorologista Daniel Nassif.
As mudanças climáticas globais ainda não impactam significativamente os padrões de precipitação da nossa região, mas Nassif alerta para o futuro. “Espera-se que em cerca de 10 anos o período chuvoso seja reduzido e as precipitações se tornem mais intensas, resultando em eventos extremos”, destaca.
Segundo Nassif, estamos no inverno, uma estação tipicamente seca, com potencial de até mais de 30 dias sem chuvas. Em julho, acumulamos pouco mais de 50 mm de chuva, acima do esperado, mas distribuído de maneira inadequada. “Toda a chuva caiu em apenas dois dias, deixando o restante do mês seco. Essa situação deve persistir até agosto, devido aos bloqueios atmosféricos que impedem a chegada de frentes frias com chuvas à nossa região”, explica.
Para os próximos meses, Nassif prevê pouca chuva até o final do inverno e início da primavera. “As chuvas só devem se tornar mais consistentes a partir de meados de outubro, quando se espera uma alteração no padrão, indicando a chegada do próximo verão”, afirma.
A urbanização afeta a intensidade das chuvas em grandes centros urbanos, criando ilhas de calor e resultando em chuvas fortes que podem causar estragos. No entanto, o desmatamento exerce pouca influência direta nas chuvas. “Mesmo os maiores desmatamentos são considerados de pequena escala quando observamos a circulação atmosférica e a formação das chuvas. Na nossa região, isso não tem previsão de mudar”, comenta Nassif.
Os sinais de alerta incluem previsões de longo prazo que não indicam chuvas intensas. “Céu limpo durante o dia, com temperaturas agradáveis e noites mais frias, indica um período potencialmente seco, típico do inverno e início da primavera”, explica.
Para amenizar os impactos da falta de chuvas, Nassif sugere o uso consciente da água e, idealmente, a adoção de práticas de armazenamento de água das chuvas. “Uma cultura de armazenamento poderia ajudar em períodos mais secos”, sugere.
Nassif defende políticas públicas para amenizar os impactos dos períodos secos, como a exigência de armazenamento de água da chuva em novas construções e o fim da tarifa mínima de água. “Isso incentivaria a economia de água”, afirma.
As mudanças climáticas devem intensificar os eventos climáticos extremos, como ondas de calor e chuvas fortes. “Ondas de calor causadas por bloqueios atmosféricos podem se tornar mais comuns, como vimos em 2023 e início
Os eventos climáticos extremos afetam a biodiversidade, causando prejuízos a pequenos animais e vegetação. “Ondas de calor e seca aumentam os incêndios, afetando a vegetação local e regional”, conclui Nassif.