Renato Villaça
Sempre fui uma pessoa agitada e ansiosa, desde criança. Apesar de caseiro na infância, tinha pensamentos acelerados, e a endorfina do esporte me acalmava, gastava minha energia e fazia bem. O tênis sempre foi a melhor terapia que já fiz, e olha que já passei por algumas. Esse esporte é uma escola: ensina sobre a vida real e simula situações que ela apresenta. Além dos benefícios físicos, o tênis exige equilíbrio mental e inteligência emocional. Em quadra, é preciso resolver problemas constantemente e tomar decisões rápidas, enfrentando variáveis como o vento, o calor e o comportamento do adversário – tudo isso sozinho. Essa capacidade de lidar com adversidades é algo que o tênis desenvolve como poucos esportes.
Quando voltei ao Brasil, fui morar em Campinas-SP a trabalho. Durante três anos, apesar de não estar envolvido com o tênis, segui treinando em academia e correndo esporadicamente. Posteriormente, retornei a Itapetininga e experimentei outros esportes, como musculação, corrida, ciclismo e até triátlon, mas nunca o tênis. Não fazia esses esportes com amor, não me encontrava e praticava mais por necessidade de saúde. Gradativamente, fui diminuindo as atividades físicas até que, em determinado momento, parei com tudo. Foi um grande erro.
Durante quatro anos, deixei de fazer exercícios e, por 11 anos, nem sequer toquei em uma raquete. Na tentativa de suprir o estresse e o vazio que sentia, passei a consumir álcool com mais frequência e intensidade. Isso deteriorou minha vida: prejudicou responsabilidades no trabalho, relações familiares e amorosas. Afastei amigos e, em crises graves, me envolvi em problemas como acidentes de carro. Fui internado em clínicas de recuperação e, apesar do apoio de familiares e amigos, não conseguia sair sozinho do ciclo vicioso.
Foi nesse momento crítico que decidi tentar algo diferente: voltei a bater bola de leve no tênis. Desde o primeiro treino, senti algo mudar. Sempre soube que, com o apoio da minha família, minha noiva, meu trabalho, minha fé e o tênis, poderia me recuperar. Aos poucos, retornei à rotina saudável, com treinos cardiovasculares, alimentação equilibrada e competições. Hoje, já fazem quatro anos desde o meu retorno às quadras, com conquistas importantes no Brasil e no circuito internacional.
O que eu posso dizer com propriedade disso tudo, dessa minha experiência de anos com o esporte, meus problemas de saúde, ansiedades e etc… é que, com força de vontade, fé e resiliência aliado ao tênis, eu consegui passar de sobreviver para viver. O tênis, para mim, foi a principal ferramenta para me reencontrar, colocar meus pensamentos em dia e me realinhar com a vida real que é o que o tênis realmente simula, e voltar a ser o Renato que sempre fui. Obrigado à Deus, minha família e viva o Tênis!
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