Toda terça-feira, assim que chego à redação, tenho uma missão que exerço desde a época de estagiária: transcrever o texto do colunista Ivan Silveira Barsante. Seus textos, escritos em papéis, variam de anúncios de peças de teatro a versos em branco que, no outro lado, mostram ser parte de uma revista.
Ao digitar seus textos, me transporto para a “Era de Ouro”, como Ivan gosta de chamar, com carnavais, bailes, normalistas, cinema e muita história sobre a época da ditadura.
Entre o prêmio do Oscar e o Campeonato Brasileiro, Barsanti conta um pouco sobre sua história no Jornal Correio.
Jornal Correio – Como foi estar presente desde a primeira edição do Jornal Correio?
Ivan Barsanti – No decorrer de 2005 conversando com meu inesquecível amigo o cronista Alberto Isaac, soube por ele que Jorge Carvalho iria produzir um jornal semanal aqui em Itapetininga e eu seria convidado por seu filho Fuad Abrão Isaac, então seria editor-chefe para integrar a equipe de articulistas. Senti-me bastante honrado com o possível convite, mas argumentei que já escrevia uma coluna de reportagem social na “Folha de Itapetininga”. O chefe Jorge disse-me que não teria importância (desde que a Folha não se importasse) também em escrever para o novo Jornal desde que não fosse uma coluna social (como na Folha) mas sim em um artigo sobre Itapetininga abordando seu passado e presente, ou seja, reminiscências vividas desde a infância, juventude, até a idade adulta assim como comentários sobre assuntos nacionais e internacionais. Dito e feito decorrer de 2006 (até sua metade) continuei colaborando nos dois semanários. Até que Jorge Carvalho quis porque quis uma coluna social na sua imprensa recente e solicitou-me para esta nova missão. Resolvi ficar trabalhando somente neste “Correio” e foi muito difícil deixar o Grupo “Folha” (de Rose e Ivo Cerqueira). Tão difícil que, confesso, não tive nem coragem de despedir-me pessoalmente da Família Cerqueira. Apenas mandei um recado para seu redator-chefe Silas Ghering Cardoso.
JC – Quais foram os momentos históricos que você testemunhou enquanto escrevia para o jornal?
IB – O nome do jornal “Correio de Itapetininga” foi escolhido na casa de Fuad Abrão Isaac, em Vila Palmira, por ele próprio, por Odilon Rezende Barbosa (agente publicitário) e alguns palpites do colunista que escreve estas informações.
JC – Como o jornal mudou ao longo dos anos e como essas mudanças impactaram seu trabalho?
IB – Deixei de escrever crônicas (mas não eram bem crônicas) e comecei a coluna (ou reportagem) social. Mas não era bem uma coluna social. Focalizava não apenas nomes conhecidos da sociedade local como outros acontecimentos acontecidos nesta Itapetininga como grupos locais que iam para São Paulo assistir às peças teatrais, situações políticas principalmente municipais, greves do funcionalismo público especialmente estaduais, atuações de artistas que vinham atuar aqui principalmente no Sesi local, programas de televisão enfim tudo que eu considerasse de interesse do leitor.
JC – Você já enfrentou desafios significativos em sua carreia como colunista? Como os superou?
IB – Fiz coluna social de 2006 até o início de 2020 quando surgiu a apavorante pandemia. Daí todo mundo se recolheu. Voltei então a escrever meus comentários sobre assuntos marcantes da semana. Hoje por uma série de motivos não vou mais à redação, mas desejaria ir. Antes levava pessoalmente minhas anotações (sempre escrevi à mão) e satisfazia-me muito com os “papos” gostosos com o Odilon e o Everton. Com a Carla, Vitória e Juliana só por telefone, infelizmente.
JC – Qual foi a maior satisfação ou realização que você teve ao longo de sua carreira de colunista?
IB – Conheço muitos funcionários tanto na “Folha” como no “Correio” sempre solícitos e atenciosos.
JC – Como você escolhe os temas para suas colunas?
IB – No “Correio” tinha que fazer dez tópicos (ou notas) sobre a vida da cidade. Procurava observar tudo e andado pelas ruas da cidade muitas e muitas vezes recolhia material para meus escritos. Quando é sobre um só assunto como agora, sento pego na lapiseira, penso um pouco e vem um assunto. O mais difícil são as primeiras linhas. Depois, fica mais fácil. A vivência ajuda muito. Quando surgiu a internet muitos profetizaram o “jornal morreu”. Ledo engano. A imprensa escrita continua mais viva do que nunca.
JC – Como você vê o futuro do Jornal Correio e do jornalismo em geral?
IB – Já dizia o “mestre” Alberto Isaac? “Nada como folhear ou cheirar um jornal”. Não sou jornalista (não cursei a Faculdade) meu rumo foi o Magistério, sou apenas um colaborador do jornal. Mas para os jovens estudantes de Jornalismos um lembrete -leiam, mas leiam muito. Vida longa ao “Correio de Itapetininga”!