Nesta semana, o Jornal Correio percorreu mercados e distribuidoras de alimentos para saber qual o valor da cesta básica em Itapetininga. Os preços variam entre R$ 190 e R$ 700 conforme a quantidade e a variedade de produtos. No Estado de São Paulo, teoricamente, 13 itens deveriam compor este pacote com duração de 30 dias e atender uma família com, no máximo, quatros pessoas. Diante a alta dos alimentos, as empresas conforme a necessidade do cliente, aumentam ou diminuem o número de mantimentos para atender demanda.
A manicure Suelen Rosa mora na casa com o filho, marido, enteado e a mãe. Ela conta que todo dia 10 compra uma cesta básica. “Mas não dura 30 dias”, revela. Ela calcula que – apenas com alimentação -, a família gasta, mensalmente, mais R$ 1.200. “O valor da comida está caro. Meu companheiro está sem emprego e a cesta básica que compramos, hoje, custa mais ou menos R$ 620, mas achei um recibo do ano passado e percebi que a cesta contendo praticamente os mesmos itens custava R$ 460”.
A informação da manicure vai ao encontro com os dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) que fez um cálculo do conjunto dos alimentos básicos de 2021 a 2022. Segundo a instituição o acumulado neste período foi 23,97%. “Onde vão parar esses preços, nosso dinheiro vai quase tudo para comer”, reclama a trabalhadora.
Mas quanto do salário vai para uma cesta básica? No caso de Suellen que revela ganhar um salário mínimo por mês (R$ 1.212), mais de 50% dos vencimentos estão comprometidos com itens básicos. Porém, a cesta que ela compra não tem carnes, ovos, frutas, verduras, logo é preciso que ela compre outros produtos.
Esta cesta de 13 itens é chamada cesta popular. Os itens básicos são: 10 kg arroz, 2 kg feijão, 2 litros óleo, sal, 5 kg açúcar, 1 pacote de sal, 1 kg café, 2 sachês de molho de tomate, 1 lata pequena de sardinha ou atum, 1 pacotes de farinha de trigo, 3 pacotes biscoito doce e salgado, 1 pacotes com 4 unidades de papel higiênico, 1 pasta de dente. As informações são do Dieese.
Nas cinco empresas consultadas, este conjunto de alimentos custa de R$ 190 a R$ 260. Segundo o gerente de supermercado, Paulo César Viera esta variação é decorrente da qualidade, ou seja, as marcas dos produtos que compõem a cesta. “Quanto mais baixo o valor, significa que os alimentos são aqueles considerados de segunda linha”, explica.
Outras cestas podem ter os chamados kits limpeza e/ou higiene pessoal. São as cestas premium. “Geralmente elas são montadas quando o cliente solicita”, explica Vieira. Na pesquisa do Jornal Correio, o valor oscila entre R$ 230 e R$ 350.
Há também cestas que, além do básico e do kit limpeza, possuem leite e derivados como iogurtes e ovos. No entanto, com esta configuração os valores estão entre R$ 550 e R$ 700. Em alguns casos nos valores que superam R$ 600, algumas empresas incluem uma ou duas peças de carne de 1 kg.
Do ponto de vista econômico
Para o economista Marcio Aleixo, o preço da cesta básica que vem aumentando no orçamento das famílias reflete o quanto a inflação está acelerando mesmo mantendo-se a produção. “Na economia de um país é possível que se tenha inflação e aumento de produção, é até algo bem comum que com o crescimento da produção gere aumento de preço”, alerta.
Questionado sobre se há possibilidade de recuo dos preços dos alimentos, ou o a valorização dos salários, Aleixo é categórico. “Com a conjuntura geral dificilmente haverá diminuição dos preços, tanto pelo patamar que o dólar se encontra, como também o aumento nos combustíveis. Valorizar salários não funciona com uma canetada do Governo Federal, como a maioria acha. Esse tipo de recurso geralmente acaba gerando mais inflação, então um aumento que parecia ter ocorrido nos meses subsequentes acaba gerando uma inflação que corrói esses ganhos”, explica.
Para Aleixo, para ter um aumento real de salário, tem que se aumentar a produtividade do trabalhador. “E isso é um problema que o Brasil encara a décadas, não apresentando um aumento de produtividade, não gerando um aumento real na renda, e com um cenário de inflação mundial, como que vivemos, diminui o poder de compra da população geral, impactando mais a vida dos mais pobres”, explica o especialista.
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