Cutite-juba, uvainha doce do campo e cambucá. Esses nomes diferentes são três das 1700 espécies do sítio Frutas Raras que ficam na cidade de Campina do Monte, localizada a aproximadamente 60 quilômetros de Itapetininga. O idealizador deste acervo natural é o gestor ambiental Helton Josué Muniz que para transferir todo seu conhecimento lançou o livro chamado “Colecionando Frutas”, que apresenta 85 diferentes espécies, as nomenclaturas científicas, práticas culturais e a utilização e propriedade nutritivas deste tipo de alimento.
Helton explica que o território brasileiro tem aproximadamente 4 mil espécies frutescências comestíveis. “Mas para uma pessoa comer uma fruta diferente, ela precisa conhecer. Neste sentido que temos o projeto aqui no sítio, que inclusive é aberto à visitação e agora o volume 2 de um técnico/científico, histórico e cultural”, explica.
O autor e produtor rural relembra que seu interesse por frutas começou na infância devido a uma doença. “Eu soube que tinha diabete e aí tive que mudar minha alimentação. Aí ouvir falar de uma fruta do Paranapanema chamada Saputá. Mas nunca tinha visto. Fui pesquisar se existia o nome e descobri que era silvestre e comestível. Posteriormente, vi um monte de nomes que nunca vi falar na vida e aí comecei a colecionar. Mas como grande parte das pessoas só conhecia banana, maçã, abacate e outras populares”, relembra.
Através da observação da mata nativa, ele começou a fazer as coletas das espécies. Também conversava com os mais velhos para saber das frutas. Este cenário o levou a estudar botânica e, então aprendeu a identificá-las. Outras delas vieram de intercâmbio com produtores. “Muitas das frutas que o pessoal fala que é veneno, pelo contrário são comestíveis”, explica.
Para o produtor rural, quando se acentuou na sociedade capitalista a prática da monocultura, a biodiversidade de frutas nativas e silvestre foi perdida. “Esses alimentos se tornaram esquecidos. No Brasil, por exemplo, entre 30 e 40% das plantas produzem frutos, folhas, flores ou raízes alimentares. Mas para plantar uma coisa só grande parte destas espécies foram suprimidas. Como consequência, as pessoas foram deixando de comê-las”, explana.
O sitio Frutas Raras possui algumas espécies que não são ou são encontradas com dificuldade nos biomas brasileiros. “Nestes 24 anos de trabalho eu consegui reunir 1.700 espécies de frutas no meu sítio”, diz.
O livro
A ideia do livro Colecionando Frutas é conectada com o sítio. “Trabalho com a cultura de conhecer para preservar e preservar para conhecer. É preciso transmitir o conhecimento para que as pessoas vejam a diversidade de frutas brasileiras. São mais ou menos 4 mil. Muitas delas são chamadas de super-frutas porquê apresentam nutrientes e vitaminas que contribuem para saúde da pessoa e previnem e curam várias doenças”, elucida.
Entre àquelas com alto teor nutritivo ele destaca a cereja do Rio Grande, Bacupari, araçá-piranga. “Estas são algumas das frutas com estudo de universidade que ratificam o poder destes alimentos”, contou especialista.
O livro Colecionando Frutas está na sua segunda edição. É a continuação da série cujo Volume 1 que apresentou 100 espécies frutíferas e hoje sua edição está esgotada. O livro Colecionando Frutas, Volume 2 pode ser adquirido de forma digital e ou impresso. “Ele visa tornar disponíveis informações de mais 85 espécies frutíferas diferentes e pouco conhecidas e de grande valor para a alimentação e fortalecimento da agricultura familiar. Essas 85 espécies são inéditas pois nenhuma foi contemplada no volume 1 da coleção”, reforça Helton.
O livro Colecionando Frutas pode ser acessado pelo site: https://www.colecionandofrutas.com.br/livro.htm