Na noite da última sexta-feira, 7 de junho, Itapetininga foi palco de um espetáculo inesquecível. Sidney Magal, o ícone da música brasileira, fez a cidade vibrar com suas canções atemporais. Em um evento promovido pelo SESI, Magal trouxe alegria, nostalgia e muita emoção ao público que compareceu ao espaço, ansioso para reviver momentos mágicos ao som de sucessos que marcaram gerações.
Em uma entrevista exclusiva ao Correio de Itapetininga Sidney Magal demonstrou porque, após 60 anos de carreira, continua a ser um dos artistas mais queridos do país.
Jornal Correio: Sidney, é a primeira vez que você realiza um show em Itapetininga?
Sidney Magal: Não, não é a primeira vez. Quando eu cheguei ao hotel, foi uma surpresa para mim, porque reconheci logo a recepção. Aí os gerentes do hotel disseram: “Seja bem-vindo novamente.” Então, eu fico sempre com a impressão de que estou indo pela primeira vez aos lugares. Às vezes, eu cometo uns enganos, como numa vez em um show, quando eu disse: “Olha, gente, é uma alegria enorme estar aqui pela primeira vez.” Aí, uma moça que estava na plateia levantou uma foto dela, ainda criança, comigo na cidade, e disse: “Não é a primeira vez.” Eu disse: “Tá bom, desculpa.” Então, o que acontece é isso. Graças a Deus, eu completo também 60 anos de carreira. Isso quer dizer que, durante 60 anos, eu viajei o Brasil inteiro e estive em muitas cidades. Em algumas situações, eu até vou a eventos privados de empresa, que não têm muita divulgação nem nada, mas, de qualquer maneira, eu visito a cidade e estou na cidade. Então, é complicado para mim. Eu espero que realmente as pessoas se lembrem de que não é a primeira vez que eu estou aqui, mas, em um evento do SESI, é a primeira vez. É uma alegria muito grande.
JC: “Meu sangue ferve por você”, “Sandra Rosa Madalena” e “Tenho” são sucessos que ainda estão no coração do público. Por que você acha que essas músicas se mantêm tão populares ao longo dos anos?
SM:Parece uma coisa inexplicável. Eu acho que, quando a gente lança um disco, um trabalho de… Olha, eu sou da época do disco. Quando a gente lança um trabalho novo, a gente fica esperando que ele dure o máximo possível e que as pessoas guardem na lembrança as nossas músicas. Isso aconteceu comigo exatamente com essas músicas que você mencionou: “Sandra Rosa Madalena”, “Meu Sangue Ferve por Você”, “Tenho”. E “Me Chama Que Eu Vou” e “Lambada”, também, foram lançadas alguns anos depois do início da minha carreira. Então, é surpreendente, porque hoje eu vejo crianças de 10 anos de idade cantando “Sandra Rosa Madalena”, cantando “Meu Sangue Ferve por Você”. Hoje mesmo eu estava vendo na internet, no TikTok, o pessoal mandando mensagens sobre isso, namorados, com a música “Meu Sangue Ferve por Você”. E isso é a gratidão do público pelo que você fez no seu trabalho para agradar esse mesmo público. Isso não tem preço, e a gente não tem explicação. Se fosse fácil, todo mundo faria sucesso por 60 anos. Então, eu estou há 60 anos e agradeço muito a esse público, que tem uma memória incrível, uma memória musical, e que guarda minhas músicas em seus corações.
JC: Qual é a importância do rádio para os novos artistas e para a sua carreira?
SM: Eu acho que o grande problema, às vezes, que acontece no nosso país, e parte disso é culpa da mídia também, é quando tentam esquecer o passado. Eu acho que isso não é saudosismo, não tem nada a ver com isso, é só histórico. É a história do brasileiro, com grandes cantores que vieram muito antes de mim. Temos Dalva de Oliveira, Cauby Peixoto, Nelson Gonçalves; esses artistas não podem ser esquecidos. Eles são de uma época em que não existia internet. Então, reviver a vida deles agora, e as músicas, é fundamental. Hoje em dia, tudo está muito rápido, muito fácil. Por exemplo, você mencionou o jornal; eu sinto falta até hoje de correr para as bancas para comprar o jornal com uma matéria minha na capa. Eu tenho isso tudo arquivado e guardado, até que foi digitalizado. Quando foi digitalizado, perdeu a graça para mim. Eu digo: “Agora eu tenho que entrar no computador e ficar selecionando o que eu quero.” Antes, eu pegava a folha do jornal, a capa da revista, a capa do LP, porque os LPs eram bonitos por isso, porque as capas eram lindas.
Neste momento das entrevistas somos interrompidos pela produtora, avisando que o tempo estava curto e que o público o esperava. E ao responder a última pergunta, Sidney deixou a emoção tomar conta e com os olhos marejados e com a voz embargada ele deixou um recado para os fãs.
JC: Queria que você deixasse uma mensagem para os leitores do Jornal Correio e seus fãs de Itapetininga?
SM:Bom, o que eu posso dizer é que, gente, se eu falei que tenho 60 anos de carreira, eu devo isso tudo, primeiro a Deus e depois a vocês, sem dúvida, que me mantiveram no coração de vocês durante todo esse tempo. Contar com o público maravilhoso do SESI, para mim, não é novidade também, porque já percorri uma boa parte do Brasil fazendo eventos do SESI, e isso me deixa muito realizado, muito feliz pelo número de pessoas e pela alegria e euforia delas. Eu soube que aqui os ingressos, que eram disponibilizados pela internet, foram esgotados rapidamente, porque todos queriam participar. E nós vamos ver o resultado disso agora. Portanto, do fundo do meu coração, muito obrigado, Itapetininga; muito obrigado ao SESI; muito obrigado ao meu país por me manter vivo musicalmente por todo esse tempo. Um grande beijo no coração de vocês, obrigado ao Correio e, numa próxima, vou me lembrar de que esta é a terceira ou quarta vez que estou aqui, não sei.