A Suzano passou a utilizar drone para auxiliar no trabalho de proteção dos Muriqui-do-sul (Brachyteles arachnoides), maior espécie de primata das Américas que está ameaçada de extinção. Dotado de câmeras de alta resolução e termal, o “Dronequi”, como foi nomeada a tecnologia, colaborou para a localização de mais de 30 indivíduos da espécie na área de preservação permanente da empresa localizada na Fazenda São Sebastião do Ribeirão Grande, em Pindamonhangaba (SP).
No grupo observado com o auxílio do drone, pesquisadores identificaram machos, fêmeas, animais subadultos e jovens, o que atesta as boas práticas de manejo e conservação ambiental da Suzano e um grande avanço na busca pela preservação de uma espécie que hoje estima-se com menos de 2 mil indivíduos vivendo entre os Estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Paraná.
O monitoramento da espécie faz parte do trabalho de conservação da Suzano, iniciado ainda em 2006, em parceria com o Instituto Pró-Muriqui, associação responsável por organizar as atividades de pesquisa científica do Muriqui-do-sul no Estado de São Paulo. Desde então, a Suzano vem buscando novas parcerias e tecnologias que auxiliem o programa.
A presença do drone trouxe agilidade e praticidade na observação e detecção de novos membros da espécie. Como a área está localizada em uma serra com mais de mil metros de altura, o trabalho era realizado presencialmente, limitando o campo de visão e a quantidade do percurso percorrido pela equipe. “Essa tecnologia vai auxiliar nos próximos passos que a empresa deseja seguir, como fortalecer o apoio na preservação não só do Muriquis, mas de outras espécies”, completa Rafael Baroni, coordenador de Meio Ambiente Florestal da Suzano.
O trabalho foi realizado nos meses de agosto e novembro de 2020 e contou com a parceria de equipes de pesquisadores da Sociedade de Investigações Florestais (SIF) e do Muriqui Instituto de Biodiversidade (MIB) e da Universidade Federal de Viçosa (UFV).
Próximos passos
Após o sucesso da observação experimental, a Suzano firmou uma parceria com a Sociedade de Investigações Florestais (SIF) para aprofundar o monitoramento do Muriqui-do-sul, com a supervisão do professor e pesquisador Fabiano R. de Melo, do departamento de Engenharia Florestal da Universidade Federal de Viçosa (UFV), em Minas Gerais. Nesta nova etapa, será realizado um estudo demográfico para verificar os animais, os grupos e subgrupos, o que é ameaça para ele e também uma análise genética. “Essa parceria é um passo importante porque com o investimento será possível monitorar esses animais, identificar novos grupos e ajudar na preservação não só dos Muriquis, algo fundamental, mas de outras espécies de primatas ameaçadas de extinção. É um ganho para a natureza e para a sociedade”, reforça docente.
O trabalho de campo será realizado na Fazenda São Sebastião do Ribeirão Grande, em Pindamonhangaba (SP), e ampliado desta vez para o Parque das Neblinas, na Serra do Mar, próximo ao município de Mogi das Cruzes (SP). A ação irá contemplar outras espécies de primatas, o Muriqui-do-sul é o carro-chefe da pesquisa, mas outras espécies ameaçadas de extinção que forem identificadas nos locais serão analisadas.
O projeto também irá alimentar os dados do Plano de Ação Nacional para a Conservação dos Primatas da Mata Atlântica e da Preguiça-da-coleira da (PAN PPMA) – que substitui o Plano de Ação Nacional para a Conservação dos Muriquis (PAN Muriquis), do qual o professor Fabiano R. de Melo foi um dos articuladores.