Economista explica os fatores que contribuem para o cenário atual do setor
A alta da inflação vem afetando todos os setores da economia, incluindo da matéria prima até as embalagens para os ovos de Páscoa. De acordo com o economista Márcio Aleixo, os pequenos empreendedores que aproveitam o período sofrem mais com a alta nos preços porque eles não conseguem negociar grandes quantidades. “É um momento para esses pequenos produtores, realizaram as contas, e procurarem melhores ofertas possíveis para os insumos necessários, e utilizar da criatividade e diferenciação dos seus produtos, para assim, ganhar os clientes durante a Páscoa”.
Segundo o economista, além da alta inflação, a falta de insumos agrícolas causada pela Guerra na Ucrânia, também tem sua parcela de influência na alta dos preços na produção do chocolate, influenciando as safras que estão se iniciando nesse momento e pressionando o preço do cacau para cima, ou seja, é uma conjunção de fatores que contribuíram para os preços estarem nesse patamar.
Para não impactar de forma direta no bolso de seus clientes e deixar de entregar um produto de boa qualidade, a empresária e confeiteira Cláudia Camargo tenta ir atrás dos produtos com antecedência e fazer um cardápio variado para que o cliente possa escolher dentre as opções qual cabe no seu bolso, além disso, ela conta que teve que diminuir sua margem de lucro.
Apesar disso, ela diz já estar recebendo encomendas de ovos e que está com uma boa expectativa para esse ano. Ela produz em média, por ano, 500 ovos, além de cestas de Páscoa. “Todo ano os queridinhos da Páscoa são, Ninho com Nuttela, Kinder Bueno, KitKat, brigadeiro, maracujá e prestígio”, contou.
De acordo com o IBGE, o chocolate em barra e bombons tiveram uma alta acumulada de 10,74%, o chocolate e achocolatado em pó 11,63% e leite e seus derivados 8,30% nos últimos 12 meses, usando como referência os dados até fevereiro de 2022. Além disso, o cacau, que é uma das commodities agrícolas com maior valor agregado atualmente negociadas em bolsa, demonstrou preços bem elevados no mês de fevereiro para mercado futuro, impactando os preços dos ovos e assim, as vendas da Páscoa.
Mesmo diante deste cenário desanimador, Aleixo aponta que as projeções da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), revelaram que é esperado que as vendas para a Páscoa devem ser de R$ 2,16 bilhões neste ano. Se confirmado, o desempenho será 1,9% superior ao de 2020, já descontada a inflação do período.
Nos supermercados
Segundo a pesquisa realizada pela Associação Paulista de Supermercados (Apas), os ovos de Páscoa estão até 40% mais caros em comparação ao ano passado. Com isso, de acordo com a entidade, boa parte dos supermercados está mudando a configuração das ofertas, reduzindo os espaços para as parreiras de ovos de chocolate, enquanto os produtores menores, como bombons e ovos de 250 gramas estão ganhando mais espaço.
“Em um setor competitivo como o supermercadista, sai na frente aquele que consegue negociar os melhores preços com os produtores, fornecedores e a indústria de modo geral. Essa capacidade de negociar, aliada ao mix de marcas e produtos disponíveis ao consumidor, reduz o impacto da inflação no bolso do consumidor”, destacou o presidente da Apas, Ronaldo dos Santos.


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