Estava lendo a biografia de Salomão, o terceiro rei de Israel, e fiquei deslumbrado com a sua sabedoria. Deus, na sua infinita misericórdia, apareceu a Salomão e disse: “Pede o que quiseres que te dê. ” O filho de Davi, na sua humildade, disse ao Criador: “De grande beneficência usaste tu com teu servo Davi, meu pai, como também ele andou contigo em verdade, em justiça, em retidão de coração, perante a tua face e guardaste-lhe esta grande beneficência e lhe deste um filho que se assentasse no seu trono, como se vê neste dia. Agora, pois, ó Senhor meu Deus, tu fizeste reinar a teu servo em lugar de Davi, meu pai, e eu sou ainda menino pequeno, nem sei como sair, nem como entrar. Teu servo está no meio do teu povo que elegeste, povo grande, que nem se pode contar, nem numerar, pela sua multidão. A teu servo, pois, dá um coração entendido para julgar a teu povo, para que prudentemente discirna o bem e o mal. Quem poderá julgar a este tão grande povo? ”
O biógrafo afirma que o Eterno se agradou da prece de Salomão e deu-lhe não somente sabedoria, mas muita riqueza. Quanto à sabedoria, afirma que o filho de Davi fez três mil provérbios e compôs mil e cinco cânticos. Discorreu sobre todos os tipos de árvores, desde o cedro do Líbano, até ao hissopo que nasce na parede. Classificou os animais em: mamíferos, aves, répteis e peixes. Não diz o texto sagrado que ele fez um estudo dos poríferos, cnidários, platelmintos e asquelmintos, mas fala dos artrópodes, ao destacar as formigas. (Prov. 6:6) quanto aos gafanhotos asseverou que eles não têm rei e, contudo, todos saem e em bandos se repartem. (Prov. 30: 25) Salomão discorreu sobre os aracnídeos e afirmou que a aranha apanha com as mãos e está nos paços dos reis. Sabia da utilidade do mel das abelhas e exortou: “Come mel, meu filho, porque é bom, e o favo de mel que é doce ao teu paladar. ” (Prov. 24:13) quanto aos anelídeos destacou a sanguessuga que tem duas filhas, a saber: dá, dá. ” (Prov. 30:15)
Quando eu tinha seis anos, passando perto de um arbusto de jardim, sem querer, esbarrei o meu bracinho numa taturana preta e cabeluda. Senti logo a queimadura. A minha pele delicada e sensível queimava e ardia. Corri, chorando, para os braços consoladores de mamãe. Ela passou álcool e vick VapoRub, depois foi ao jardim e não sossegou, enquanto não matou aquela larva preta que havia ferido o meu bracinho. Senti-me confortado com a violência. Na cozinha, depois que me acostumara com a urticária, perguntei-lhe para que servia uma taturana. Minha mãe, rapidamente, respondeu que era para alimentar os pássaros. Naquele tempo eu não conhecia a cadeia e a teia alimentar, aliás não tinha idade. Minha mãe sempre dizia que tudo que Deus fez é bom e eu não via bondade alguma na taturana. A minha saudosa mãe sempre dizia que nós não sabemos tudo, porém Deus sabe, caso contrário, não teria criado.
Outro dia, num matutino paulistano, li o seguinte: “…estudando o veneno da taturana para produzir um soro contra ele, o Butantã descobriu que, além da urticária, as vítimas sofriam de hemorragias. Daí surgiu a ideia de que a substância poderia ter utilidade farmacológica para destruir os coágulos que bloqueiam o fluxo do sangue. ”
Na minha infância, não vi a utilidade da taturana e nem sabia o porquê Deus achara que tudo o que havia criado era bom. Hoje, na terceira idade, noto a sabedoria de Deus e a ignorância do homem. Quantos milênios passaram para o ser humano descobrir que “a proteína da taturana ativa a protombina, molécula que produz a enzima trombina e desencadeia a coagulação. A trombina transforma o fibrinogênio em fibrina, a estrutura básica dos coágulos. ” Entendeu? Os cientistas usam termos bonitos e difíceis até de escrever. Caramba!