As chanchadas carnavalescas nos cinemas de Itapetininga

Quando uma chanchada brasileira e carnavalesca era anunciada nos cinemas itapetininganos nas décadas de 1940, 1950 e início da década 1960 a lotação era completa. Mas vamos por partes: o que seria um filme com características de chanchada brasileira?
Segundo o Google: – “Chanchadas é um substantivo feminino, r espetáculo ou filme em que predomina um humor ingênuo, burlesco, de caráter popular, com muita ação, intriga (geralmente policial), muitas brigas (sopapos), humor e música”. O diretor de cinema brasileiro, o carioca Alex Viana classificava o termo “chanchada brasileira” como um filme de comédia popularesca em geral apressada e desleixada, com “interpolações musicais”. Já o também carioca e diretor de varias chanchadas Carlos Manga, na obra “Este mundo é um pandeiro”, que Sergio Augusto, editora Companhia das Letras, primeira edição, 1989, pagina 15: – “A chanchadas obedeciam a um esquema rigidamente estruturado, com quatro situações básicas ou “estágios”: 1°) mocinha e mocinho se metem em apuros; 2°) cômico tenta proteger os dois; 3°) vilão leva vantagem; 4°) vilão perde vantagem e é vencido”. E modestamente, eu acrescentaria uma quinta, ou seja, tudo isso entre movimentados números musicais com cantoras e cantores, geralmente de prestigio, cantando seus repertórios carnavalescos para o carnaval do ano em que o filme foi lançado.
Agora os cinemas itapetininganos que projetaram a chanchadas, principalmente eu seu auge, na década de 1950: o Cine São Pedro, na rua Campos Salles, o Cine São José, na rua Venâncio Ayres e o Olana, na Monsenhor Soares. O Cine Aparecida do Sul, na rua coronel Pedro Dias Batista, (onde depois foi instalada a fábrica de roupas Magister), inaugurada em 1955 com o recurso do Cinemascope, uma tela enorme retangular e com som estereofônico, com a produção cinematográfica hollywoodiana e bíblica “O Manto Sagrado” (The robe) e durante muito tempo passou películas que se adequavam a este recurso tecnológico.
Porém, nos cines São Pedro, São José, Olana (depois “Itapetininga”) quando uma chanchada brasileira, geralmente carnavalesca era projetada na maioria das vezes nenhum assento ficava vazio. A bilheteria era mais que satisfatória. Nem todos, mas grande parte dos itapetininganos que iam assisti-las sabiam que os filmes apresentavam recursos inferiores (bem inferiores), se comparado com as produções norte-americanas, que dominavam o mercado cinematográfico: imagem fora de foco, muitas vezes o som baixo demais, falta de sincronia entre o som e o movimento dos artistas, principalmente em números musicais; histórias fora da realidade, cenografia e vestuário pobres (mesmo quando se exigia luxo) e outras deficiências. Apesar de tudo isso, os itapetininganos interessados (e o público brasileiro, também) vibravam quando viam e ouviam cantores famosos, geralmente das rádios: Nacional e Tupy, ambos do Rio de Janeiro.
Nessa época não “pegava” televisão aqui em Itapetininga e somente nas chanchadas podia-se contemplar as “rainhas” e os “reis” do rádio brasileiro como: Emilinha Borba, sua rival Marlene, Dalva de Oliveira, Ângela Maria, as irmãs Linda Dircinha Baptista, assim como Francisco Carlos (“El broto”), Cauby Peixoto, Nelson Gonçalves, Jorge Goulart. E entre as atrizes e atores: Eliana (sempre a “mocinha”), Adelaide Chiozzo (amiga da mocinha), Anselmo Duarte, Cil Farney (os “mocinhos”), José Lewgoy (o “vilão”) e principalmente os cômicos Oscarito e Grande Otelo.
Bem ou mal, na chanchada, o modo de ser brasileiro (principalmente carioca) era projetado nas telas. A maneira de: falar, andar, o comportamento, as “gírias”, o humor, as paisagens, as críticas aos governos, o custo de vida, e outras questões sociais.
Era um Brasil meio irreal, mas era o Brasil. Respirava-se a nacionalidade.

Últimas

Falecidos da Semana

04 DE DEZEMBRO DE 2024 IZIDORA DE PAULA DATA/LOCAL DO FALECIMENTO: 04/12/2024 ÀS 06:30HS EM ITAPETININGA-SP IDADE: 88 ANOS PROFISSÃO: APOSENTADA ESTADO CIVIL: CASADA COM O SR. NAPOLEÃO CORRÊA AIRES...

Lombadas eletrônicas começam a multar após 60 dias

Lombadas eletrônicas começam a multar após 60 dias

As lombadas eletrônicas recentemente instaladas em Itapetininga começarão a aplicar de multas após aproximadamente 60 dias. A informação foi fornecida pela Prefeitura de Itapetininga, que destacou que o período inicial...

mais lidas

Assine o Jornal e tenha acesso ilimitado

a todo conteúdo e edições do jornal mais querido de Itapetininga

Bem vindo de volta!

Faça login na sua conta abaixo


Criar nova conta!

Preencha os formulários abaixo para se cadastrar

Redefinir senha

Por favor, digite seu nome de usuário ou endereço de e-mail para redefinir sua senha.