Neste mês de outubro, em que se comemorou no Brasil todo a Padroeira Nossa Senhora Aparecida, nada menos que 46 anos foram decorridos da demolição da tradicional e bucólica capela Nossa Senhora Aparecida e que lá abrigava fiéis e romeiros, aproximadamente por seis décadas.
Apesar dos intensos protestos da população e das manifestações na Câmara Municipal, a velha capela, singela e aquecedora, localizada a poucos quilômetros do centro da cidade foi implacavelmente demolida naquele longínquo 1975. Foi no dia 10 de maio que a partir das 8 horas daquela manhã ensolarada, após missa celebrada com devoção – com sentimento de tristeza, integrantes da então Liga Católica de Nossa Senhora Aparecida iniciaram a demolição do pequeno e acolhedor templo, p sistema de mutirão.
A determinação inquestionável partiu da Diocese de Sorocaba, após consulta ao Padre Aluízio, que naqueles tempos conduzia os trabalhos religiosos daquela Paróquia. Ele, na oportunidade alegava não encontrar razões para a conservação da igreja naquelas condições. Na verdade, segundo o padre, a capela apresentava rachaduras em toda sua estrutura e pouco representava em termos artísticos e históricos.
No entanto, essa posição vinha sendo contestada por antigos moradores da cidade, que afirmavam ser a capela patrimônio histórico de Itapetininga e “não poderia desaparecer”. Além disso, lembravam que a capela tinha sido o marco inicial da formação do bairro da Aparecida.
Numa das sessões ordinárias da Câmara, realizada na mesma época, os vereadores de Itapetininga também, preocupados, se manifestaram contra a decisão de demolir a capela. O saudoso vereador Anacleto Nunes, por exemplo, ao lamentar a medida drástica de demolir a capela, disse: “a demolição da capela iria provocar o mesmo arrependimento ocorrido naqueles, que em 1947, derrubaram a velha Igreja Matriz, hoje Catedral de Itapetininga”.
A história em poucas linhas
A capela, que provavelmente vive agora na lembrança de alguns, foi construída, conforme registro, por José de Campos “Campinho”, fundador do extinto jornal Aparecida do Sul, tropeiro dos mais atuantes, após sofrer acidente em uma de suas viagens, prometeu ardorosamente construir uma pequena igreja caso nada lhe ocorresse de uma maior gravidade. Escolheu,
então, aquele local distante alguns quilómetros da parte central da cidade, além da formação de um horto religioso. dedicado à N. S. Aparecida, santa de sua devoção
A igreja constituía-se em campanário sacrossanto dos fiéis de Itapetininga e local de Sagradas Missas, além dos costumeiros casamentos, batizados e “recinto abençoado para meditações e preces fervorosas”, preferencialmente de religiosos residentes em outras regiões da cidade e, igualmente, da região. E isto, além de toda área constituir-se em palco da sempre esperada festa em louvor a Santa Padroeira do Brasil, N. S. Aparecida, realizada nos finais de ano.
Ao se cogitar da demolição, o então prefeito Walter Tufic Curi, falecido há alguns anos, apresentou projeto elaborado por reconhecido arquiteto brasileiro. Constava de plena recuperação da capela, encimada pela imagem de N. S. Aparecida e envolta por um lago artificial feericamente iluminados, e vista à longa distância. O prefeito seguinte, por razões ignoradas, deixou a imagem e o projeto e nada realizou.