Um capinzão excomungado crescia e crescia que crescia… Toda vez que eu ia àquela casa, o danado do praguento parecia rir de mim…
De repente, fiquei brabo… Calcei botinas, arregacei as mangas, empunhei uma enxada e carpi, carpi, carpi… Passei domingo inteiro em peleja de lavrar… Do estropício, só restou raízes secas, folhas murchas e assombração… Juntei tudo em sacos plásticos e, à tardinha, pus na rua…
Ai de mim! Acostumado com manejo de caneta e garimpar de dicionários, o ofício de capinar desconjuntou meu esqueleto! Doía a unha, o joelho, a coluna, as pupilas, as orelhas… Doía até as honoráveis cãs deste velhinho encafifado! Passei uma semana de homo sapiens entrevado!
Mas o malvado do capim cresceu de novo… Espichava-se verdengoso, valente como ele só! Ameaçava pular o muro e festejar no quintal vizinho…
Eu olhava o danado me sentindo um bocó! Jamais pensei em perder uma quizila prum “capintonto”, raizudo! Sentindo-me desafiado, pensei… Ah é? Fui à casa da lavoura, contei meu drama pro atendente: “pois é, meu rapaz, o mato cresce tanto, tanto, que, do jeito que a coisa vai, o danado chegará ao céu! O quintal de minha amiga mais parece uma floresta! Daqui a pouco vai nascer jaguatirica no pedaço!”
E o mocinho, muito atencioso: “fica triste, não… Põe esses grãozinhos num litro d’água e mexe bem… Depois enche um regador e molha o enfadado… Sai de perto e deixa o baita defuntar… Depois, o senhor me conta…!”
E assim fiz… Semana depois, volto para ver o resultado… Que alegria! O raizento estava esturricado, amarelo que só vendo! Finalmente, defuntado!
Encarei o estropício e, me sentindo um Arnold Schwarzenegger no filme “O exterminador”, sentenciei: “Hasta la vista, baby!”
Falecidos da Semana
13 DE DEZEMBRO DE 2024 ESTELA DE ALMEIDA ESPOLAOR DATA/LOCAL DO FALECIMENTO: 13/12/2024 ÀS 00:38 HS EM ITAPETININGA-SP IDADE: 100 ANOS PROFISSÃO: APOSENTADA ESTADO CIVIL: VIUVA DO SR. MARIO ESPOLAOR...