Caso a providencia o trouxesse à terra, por certo teríamos uma nota (ou crônica) fantástica sobre coronavírus, essa epidemia que está provocando pânico e milhares de mortes em várias partes do mundo.
Falamos do consagrado Pittigrilli, famoso escritor e jornalista italiano, que, sem dúvida, iria abordar à seu modo esta doença que, atualmente, coloca o mundo em aflição desmedida.
Pittigrilli morreu em 1975, um speitável senhor fora de todas as épocas e lugares, sem preocupações comezinhas de qualquer espécie, sem pressa, nem problemas. Enfim sem coisa nenhuma, apenas jornalista autor de alguns livros, mas humorista ácido, mordaz e icônico.
Naturalmente ele iria primeiramente tecer comentários criteriosos sobre o coronavírus e assinalar que essa malfadada epidemia não pode ser considerada mais perturbadora e aflitiva. A partir dessa premissa desfilaria toda sua verve e conhecimento a respeito… existente desde o princípio do mundo.
Pitttigrilli, autor de muitos livros, hoje não encontrados nem em sebos, diria que “COROAVÍRUS” , não ofensivamente àqueles de idade já um pouco avançada, que interferem em qualquer grupo de pessoas e participam de conversas sem ao menos saber do assunto em pauta.
Consideram-se autênticos sábios e suas intervenções provocam certo constrangimento àqueles ouvintes, Esses provectos (em cuja categoria eu também faço parte), são vistos , por vezes, com cuidadores ou cuidadoras e não se vexam em participar de grupos , por vezes jovens, como se fossem velhos conhecidos ou parentes.
Não existe assunto que o “CORAVÍRUS” desconheça e suas intervenções – geralmente longas – provocam retirada de alguns do grupo onde se encontram, Talvez, em razão da “avançada idade” não tenham noção da maneira que procedem, mas consideram-se senhores absolutos da verdade.
Há certas ocasiões em que a presença “sem permissão” do coravírus em grupos, provoca fatal conflito. No grupo que ele aborda, muitos se afastam a correr ou em passos apressados. Ou então, alguns presentes dos grupos inquietam-se, depois zangam-se, ou ficam numa atitude angustiada , entre atônitos e pouco seguros de seu estado psicológico.
Pittigrilli, enfim, daria a entender que perigoso mesmo não é o coronavírus e sim o Coroavìrus. Mas o correto e sensível é o que afirma o genial escritor argentino Jorge Luiz Borges: “A velhice pode ser o nosso tempo de ventura”.