Machado de Assis, escritor brasileiro, sem cursos regulares, produto, como disse alguém, de mero autodidatismo, escreveu vários romances e contos, tais como: D. Casmurro e Quincas Borba. Na sua obra Quincas Borba, o Quincas tanto pode ser o personagem principal da obra, como um cachorro que recebeu o nome do proprietário. É interessante que o cachorro foi, também, o espólio da herança que Rubião recebeu. Aliás o seu nome completo era Pedro Rubião de Alvarenga. Devia o herdeiro universal cuidar bem do animal como se cão não fosse, mas pessoa humana. Quando o cão morresse, Rubião deveria lhe dar uma sepultura decente em terreno próprio, cobrindo o jazigo de flores e plantas cheirosas. Na época certa da exumação, os ossos do dito cachorro deveriam ser recolhidos numa urna de madeira preciosa para ser colocada no lugar mais honrado da casa. Um dia, no entanto, Rubião não se lembrou do cachorro e, depois, ficou preocupado, com medo de perder a herança. Lembrou-se de uma história contada por uma preta de São João d’El-Rei. Dizia ela que a alma cheia de pecados ia para o corpo de um bruto; chegou a jurar que conhecia um escrivão que acabou feito gambá. – Será que o cachorro possuía a alma do falecido? Indaga para si Rubião.
Há muitas histórias interessantes com referência aos que morrem. A Bíblia, livro divino, cujos escritores foram inspirados por Deus, trata desse assunto tão preocupante, uma vez que todos os homens sabem que vão morrer.
A Sagrada Escritura, através de Cristo, o Filho Unigênito de Deus, afirma: “Não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma; temei, antes, aquele que pode fazer perecer no inferno, tanto a alma como o corpo. ” Há, nas palavras de Cristo, algumas verdades: Cristo incentivava os discípulos, pois muitos poderiam morrer por causa de suas ideias; o homem possui dois elementos: alma e corpo; há um lugar chamado inferno e outro chamado céu.
A Bíblia assevera que o Senhor Deus formou o homem do pó e soprou nas suas narinas o fôlego da vida, e o homem passou a ser alma vivente. O sopro divino é a alma. Quando o cristão morre o seu corpo é sepultado, porém a sua alma vai para Deus. Salomão, o terceiro rei de Israel, inspirado e iluminado por Deus, disse: “……e o pó volte a terra, como era, e o espírito volte a Deus, que o deu. ” (É necessário que se diga que alma e espírito são vocábulos sinônimos. Sinônimos para quem se esqueceu das aulas de gramática “ são palavras de sentido igual ou aproximadas. Exemplo: brado, grito, clamor; alfabeto, abecedário” e por aí vai…
Paulo, o apóstolo dos gentios, assegurou, referindo-se a sua morte: “Entretanto, se o viver na carne traz fruto para o meu trabalho, já não sei o que hei de escolher. Ora, de um e outro lado, estou constrangido, tendo o desejo de partir e estar com Cristo, o que é incomparavelmente melhor. Mas, por vossa causa, é mais necessário permanecer na carne. ” Falava o apóstolo de sua partida através da morte, isto é, da separação do corpo e da alma. Alguém disse: “Estar Cristo em mim, é possui-lo sem o ver; estar eu com ele é vê-lo e gozá-lo”. Portanto, quando o cristão morre, a sua alma vai para Deus e o seu corpo é sepultado, aguardando a ressurreição. “Creio na ressurreição do corpo; na vida eterna…”