Difícil de imaginar, itapetininganos, paulistas, brasileiros e o mundo inteiro, que, após um borbulhante “réveillon” para a entrada de 2020, e mesmo depois de um animado carnaval (pelo menos, para este lado do mundo ocidental) enfrentaríamos uma guerra quase invisível com um terrível inimigo, o novo coronavírus (cientificamente Covid-19), asiático de nascença e depois “cidadão do mundo”. Uma batalha que o planeta não estava preparado e que está ocasionado milhões (e milhões) de vítimas. Um adversário que não possui regras e éticas. Atinge o ser humano rapidamente, é traiçoeiro e impiedoso. Conseguiu separar famílias, lotar hospitais, abrir covas (e mais covas), enfim parar este mundo de uma forma que nem a primeira guerra mundial (1914-1918), a grande depressão econômica de 1929 (nos Estados Unidos com consequências mundiais) e a segunda guerra (1939-1945) conseguiram. Até quando?
O novo vírus é o assunto dominante na “mídia” universal (e não poderia ser de outra maneira). No Brasil também, só que o noticiário sobre este mal sanitário se divide com o “show” diário de emoções (e aflições) que o desgoverno de Jair Bolsonaro proporciona à nação. Seria até cômico se não fosse tão trágico. O caos real do novo coronavírus é muito parecido com uma obra de ficção do autor português José Saramago, Prêmio Nobel de Literatura e que tornou-se um excelente filme com o mesmo título do romance “Ensaio sobre a cegueira” de 2008, um drama de ficção científica, direção do brasileiro Fernando Meirelles (diretor de “Cidade de Deus”, “Dois Papas” entre outros), uma produção do Brasil, Canadá e Japão. O assunto é sobre uma “inédita e inexplicável epidemia de cegueira que atinge uma cidade, chamada de “cegueira branca”. A doença surge inicialmente em um homem no trânsito e tal cegueira se espalha pelo país. Os serviços do Estado passam a falhar e as pessoas começam a perder suas humanidades e lutam pelas suas necessidades básicas, expondo princípios rudimentares e até selvagens. A única pessoa que ainda consegue enxergar é a mulher de médico (no caso, personagem da atriz Julianna Mori) que será a “luz do túnel”…O filme passa quase sempre nos telecines dos canais pagos. Vale assistir ou ler o romance até para entender um pouco estes inusitados tempos.