Multiplicam-se, Brasil afora, os acidentes envolvendo motocicletas, a maioria deles com graves sequelas e, não raro, mortes.
Nos rincões, sequer a obrigatoriedade de uso de capacete é obedecida, sendo comum a visão de famílias inteiras no mesmo veículo. Nas maiores cidades, a legislação costuma ser mais cumprida, mercê da maior efetividade da fiscalização.
Em tempos de crise, as motos surgiram como fatores de inclusão social e profissional, alastrando-se por todo o território nacional. Em propriedades rurais, já possuem inúmeras funções, no transporte de cargas e manejo do gado.
Econômicas e com aquisição facilitada, as motos são utilizadas, na maioria das cidades do interior, como moto-táxis, aberração que contraria até o mais rústico dos manuais de segurança viária. Se o motorista for gordo, ou o carona tiver braço curto, restar-lhe-á orar, com muita fé, para que nenhum acidente aconteça.
Como a velocidade é determinante do lucro do motoqueiro, hordas do veículo serpenteiam perigosamente em nossas vias, conduzindo cargas ou pessoas. Em capitais e grandes cidades, o transporte de passageiros costuma ser vedado.
Bicicletas, patinetes, patins e assemelhados vão, aos poucos, reduzindo os espaços originalmente destinados aos pedestres. Prefeituras fazem verdadeiros contorcionismos jurídicos para tentar mediar os conflitos entre as diversas modalidades de locomoção.
Por tradição e solidariedade, a preferência deve ser, sempre, reservada ao pedestre, que já vem sendo forçado a caminhar em fila indiana, por nossas calçadas. Nossas cidades foram planejadas para veículos motorizados de quatro rodas e pedestres, e qualquer modificação, para englobar outros meios de locomoção, é traumática, embora necessária.
Por enquanto, vamos convivendo com ciclovias descontínuas e calçadas encurtadas, onde patinetes e patins são encarados como brinquedos, e bicicletas como avisos de que são sete da manhã ou dezessete horas da tarde, horários de entrada e saída dos funcionários da construção civil.