Do que foram as eleições de outrora

Nada se compara-nem de longe- com as campanhas eleitorais que se faziam há décadas passadas e que ainda são testemunhadas por muitas pessoas aqui residentes. Sobreviviam com o calor da população e o entusiasmo apaixonado dos políticos e fatos inesquecíveis que ocorriam diante das disputas entre os candidatos.
Inexistiam- e tampouco se pensavan nisso- a mídia eletrônica e a internet, mas emissoras de rádio propagavam os postulantes a cargos, em textos pagos para sua divulgação. Em contrapartida, constituía-se em verdadeira parafernália as propagandas exigidas nas mais diversas modalidades. Postes eram cobertos integralmente com folhetos coloridos, muros (por vezes autorizados) estampavam anúncios, artisticamente produzidos, de pretendentes a cargos almejados, além de residências enfeitadas com cartazes e escritas sobre “ as excelsas virtudes dos postulantes”.
A cidade toda, em todos os recantos, “ tornava-se arrebatadora, festiva e alegre”, como diria o saudoso Pedro José de Camargo, radialista e professor. Um espetáculo deslumbrante, além, obviamente, de carros com alto-falantes, proclamando em som de vários decibéis as qualidades dos candidatos e suas possíveis realizações quando eleitos.
Dessas correntes políticas, consideradas mais poderosas- destacavam-se degladiando- na terra “ então de “Júlio Prestes”, PSD e UDN, conduzidas por famílias de renome, além do Partido Trabalhista Brasileiro, nas mãos de cidadãos pertencentes geralmente às classes ferroviárias, operárias e funcionários de menor graduação. O Partido Comunista, na época, era representado por determinados funcionários da antiga Estrada de Ferro Sorocabana, Departamento de Estradas de Rodagem e Estudantes, sendo que durante o Regime Militar foram perseguidos e presos.
Comícios, com forte presença de público – sempre entusiasmado- realizavam-se no Largo dos Amores, Praça da Matriz, Avenida Peixoto Gomide, aliás, onde houve queda do palanque durante visita do candidato Armando Sales de Oliveira, ao governo de S.Paulo, com alguns feridos. No Largo dos Amores, em comício, Ademar de Barros, governador paulista, em tom de hilário pedia que o candidato a prefeito de Itapetininga, que mostrasse ao público “sua cara de sexta-feira”, provocando riso ensurdecedor.
Em palanque, no Largo da Matriz, o deputado federal Emilio Carlos discursava a favor de um candidato a prefeito local e peremptoriamente afirmava “para ser prefeito de Itapetininga não é necessário ter diploma de professor, contador ou advogado”. Seu candidato foi eleito prefeito na época. Em outra ocasião, o deputado Israel Dias Novaes, no palanque no Largo dos Amores, em vibrante discurso chamava um postulante a chefe de executivo local de “macaco peludo”, por este ter abandonado seu partido e bandeado para outra agremiação. E nesse mesmo Largo dos Amores, conhecido advogado, também candidato a prefeito, serenamente afirmava que “ caso não fosse eleito, jamais se importaria, pois continuaria a tomar tranquilamente seu chopinho no Bar Rodovia”. Perdeu a eleição e continuou cumprindo suas promessas.
Durante o pleito, mesmo dentro da sala de votação, cabos eleitorais abordavam os eleitores na fila para mudarem seus votos, provocando discussões, brigas e intervenção policial. Comum era a prática de conduzir eleitores de caminhões da zona rural para a cidade, onde permaneciam fechados nos denominados currais ou viveiros, na véspera do pleito e liberados somente no dia das eleições, sem se comunicar com ninguém durante esse período. Na permanência ouviam músicas, participavam de bailes e se alimentavam, gratuitamente.
Neste domingo o povo Itapetiningano irá às urnas. Uma eleição fria, sem grandes emoções. Pautada por grupos profissionalizados defendendo candidatos e partidos e discussões acirradas nas redes sociais. A antiga militância deixou as ruas….

Texto publicado originalmente em 2014.

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