Dos carnavais que passaram, pouco restou

Às vésperas de mais um colorido reinado da alegria, músicos e foliões trazem para a rua uma festa que já foi gloriosa. O carnaval, agora, não corresponde mais à expectativa do povo? Não contará, em Itapetininga, com o entusiasmo e a alegria daqueles que poderão prestigiar as festas momísticas? Já perdeu o interesse do povo diante da falta de criatividade e a ausência dos luxuosos carros alegóricos, cordões e escolas de samba, além dos graciosos foliões solitários percorrendo a avenida?
Enfim, para muitos, o carnaval deixou de ser a festa maior, tornando-se apenas mais um “feriadão”. Em razão, ou à vista disso, lembremos um pouco dos carnavais antigos desta cidade, que mobilizava multidões diante do luxo,criatividade, grandeza e empolgação, tornando-o um dos melhores do interior paulista.
Contamos, portanto, da década de 20 quando se realizavam os “corsos”, carros da época desfilando com lindas donzelas e robustos rapagões, em torno da Praça João Soares Hungria, denominada depois “Largo dos Amores”. Contamos que as ruas, principalmente do centro vital da cidade, cobriam-se de toneladas de confetes e serpentinas, permitindo a todos se atirarem no chão, imitando nadadores. Na periferia, Paquetá, Vila Aparecida e outros bairros, naqueles tempos considerados ainda distantes, se realizavam bailes com sanfona em plena rua, com foliões fantasiados.
Contamos que no Largo dos Amores (agora revitalizado e diferente), onde se concentrava a população, os bares, restaurantes como Primavera, São Paulo, Rodovia, do Alemão, Marabá, 80 lotavam de fregueses, a maioria fantasiada, alimentando-se e saboreando a popular cerveja Faixa Azul ou refrescos de abacaxi, limão, caipirinha ou Fogo Paulista.
E contamos que os clubes Venâncio, Operário (hoje o Recreativo), 13 de Maio, Sociedade Italiana e posteriormente Ginásio de Esportes, totalmente decorados, flamejavam com luzes multicores e as paredes pintadas com temas adequados de autoria de “craques da pintura”, como Maurão de Oliveira, o professor Xuxa (hoje residindo em Campinas), Milton Geminai, Duarte e outros especializados no ramo. Haviam os concursos para a escolha de Miss Carnaval, o melhor Bloco, o folião mais animado, a melhor fantasia, com valiosos prêmios.
Contamos que foliões nas ruas com exóticas fantasias provocavam risos e aplausos como Lazinho Franci, Roberto Guimarães, Roberto Matarazzo, Paulo Bittar, Aranha e outros. E as Escolas de Samba Aristocratas do Samba, o Bloco Imperador do Samba, junto com os blocos Empenados, Bloco das Coisas, Vila Isabel, Sol da Meia Noite, Avestruz, Peru, Babo Grosso, Frutos do Sistema, a Escola de Samba Brasil e Farrapos do Samba, Vai-Quem -Quer etc. Contamos as musas do carnaval como Ivone Lisboa, sempre presente no alto de sua majestade, magnífica e soberana em suas luxuosas e fulgurantes fantasias arrebatando o público embasbacado. Reinou durante muitos anos, assim também nos clubes locais. E contamos sobre uma das grandes personagens do tríduo momístico desta terra, a bela e inigualável Tereza Costa Pinto, a morena que arrebatava os corações dos jovens daqueles idos tempos. Porta Estandarte da “Aristocratas do Samba”, constituía-se em verdadeiro deslumbre a sua atuação com graça, beleza e simpatia. Citemos, além dos conjuntos musicais, as grandes orquestras locais: a Pan-Americana, a Venâncio Aires sob a regência de Edil Lisboa e Benedito Pompeu de Jesús, a Cruzeiro do Sul, dirigida por Caetano Ianaconi e a Esaú Costa Pinto, todos afinadas, perfeitas na execução das fabulosas marchinhas e sambas carnavalescos.
Vale lembrar-se do lança-perfume, inebriante que conduzia o folião ao mundo da ilusão paradisíaca naqueles dias enlouquecidos e o batalhão que se travava com o líquido, provocando correria e gritos de satisfação.
E vamos recordar, igualmente, dos foliões que cometiam atos proibidos ou inconvenientes e eram detidos e presos, na cadeia da rua Francisco Válio. Liberados, somente na quarta feira de Cinzas às 12 horas, eram aguardados por parentes e amigos que os recepcionavam, ouvindo gracejos e ironias pelo ocorrido. E poderíamos recordar também o recente”Festival do Buteco”, que há alguns anos fazia a alegria das famílias na Praça dos Amores, não mais será editado pela prefeitura
Mas nem tudo é cinza. Hoje, apesar de todos os problemas e da saudade dos velhos carnavais, ainda resistem alguns heróis e algumas agremiações. O Bloco imperador do Samba, brilhante bloco dirigido pelo guerreiro Mário, que neste ano desfilará como escola de samba ; a Escola de Samba Aristocratas do Samba, que completou 61 anos de resistência ; o “Bloco do Motumbo”, hoje associado ao velho “Avestruz”, que garante o divertimento da juventude e farão a festa no Clube dos Bancários, além do novo “Bloco dos Inconformados”, do Clube Venâncio Ayres.

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