No último dezessete de março Elis Regina Costa, cantora de música popular brasileira faria 75 anos de idade e no também último janeiro, trinta e nove anos de sua morte. Elis partiu com trinta e seis anos de idade e logo depois um grupo de amigos-fãs inconformados, ainda perplexos pelo acontecimento trágico resolveu fundar em São Paulo uma associação em homenagem à artista denominada “Elis vive”. Seria uma espécie de clube de amigos e fãs da então saudosa cantora onde além de um eterno culto à Elis, haveria também apresentações, peças teatrais, “shows” musicais, tudo isso relacionado com a finada intérprete e com a cultura popular brasileira.
Para estes associados, Elis Regina viveria para sempre. E este presságio foi sendo alcançado através dos anos e mudança dos séculos. Elis Regina nunca saiu da “mídia”. Seu redondo rosto é frequente na imprensa escrita e visualizada. Sua voz, mesmo após sua morte, está sempre presente nas trilhas das novelas e minisséries da TV Globo, nas rádios (nestes, somente os de bom gosto), em crônicas, reportagens, enfim…ela sempre presente.
Na TV Cultura de São Paulo, Elis comparece, quase sempre em “flashes”, cantando e falando como se fosse ainda hoje. A cantora parece sempre atual, moderna, presente. E daí a pergunta que não quer calar: como Elis viveria no marasmo geral relacionado com a música popular brasileira que o Brasil vive hoje? (Se é que existe ainda a mpb?). Tudo parece mais pobre, paupérrimo até, em relação aos anos de ouro do reinado da “Pimentinha” (como o compositor Vinícius de Moraes, carinhosamente a chamava).
Ela se submeteria a cantar nestes atuais programas de auditório televisivos apresentados? Os animadores deixariam-na interpretar integralmente, sem interrupções, como é o praxe? O que será que ela diria (e Elis diria) em relação às músicas que são feitas atualmente, com raras exceções? A moça era conhecida por não levar desaforo para casa. Brigava mesmo. E olhem que toda a sua carreira artística no eixo São Paulo-Rio foi desenvolvida debaixo de uma ditadura civil-militar brasileira.
Quando ela se foi, o Brasil estava dando passos largos para uma democratização que aconteceria poucos anos depois. Pois é, tanto sacrifício (pensaria Elis) mas parece que Brasília continua sinistra. Sinistra sim.
Infelizmente a intérprete não se apresentou aqui em Itapetininga, artisticamente. Mas, mais de uma vez seu ex-marido César Camargo Mariano e sua filha, Maria Rita (ainda adolescente) foram vistos passeando no Largo dos Amores, aqui em Itapetininga, então hospedados na fazenda de Rita (Albuquerque) – Rafael Altério, em Alambari.