Povoação de maior importância e graduação que bairro e menor que cidade. Além dessa definição, vila também pode significar casa de campo, de construção mais ou menos elegante, própria para recreio, ou ainda, casa de habitação com jardim, dentro da cidade.
São dezenas de vilas que integram a cidade de ltapetininga, quase todas com vida própria e poucas dependendo do comércio ou outros serviços essenciais do centro urbano. Mas, Lima delas, talvez a mais populosa e centenária, localiza-se a noroeste, às margens do antigo Ribeirão da Serra, atualmente Dos Cavalos – devidamente limpo – e conhecida como Vila Santana.
Caminhando com seus próprios pés, essa extensa área onde, incrustada encontra-se, hoje, a abandonada estação da extinta Estrada de Ferro Sorocabana, foi propriedade de Juca da Serra, fazendeiro que residia para os lados do Capão Alto e que ali desenvolvia atividades agropecuárias.
Com poucas residências, no entanto, já contava com grande empreendimento da família Hungria, ou melhor, a Cia Soares Hungria que, no longínquo ano de 1923 implantou a expressiva indústria algodoeira, exportando óleo para diversos países da Europa. No próprio ribeirão funcionava a primeira roda d’água, gerando energia própria, em vista da deficiência do setor no município, destinada a serraria e a cerâmica existentes. Daí fabricava-se tijolos da mais alta qualidade, abastecendo não só a cidade como localidades vizinhas e, inclusive, utilizados na construção de vários barracões da máquina desencaroçadeira de algodão e para as fábricas de óleo e ração. As indústrias localizavam-se onde, atualmente, se encontram o supermercado Cofesa e o depósito de algodão da antiga sede da Viação Cometa. O próprio Colégio Imaculada Conceição, tradição de ensino da região e um curtume da empresa, onde existia a escola Sebastião Pinto, tiveram suas obras realizadas com tijolos da olaria denominada, então, “Tijuco Preto”, isto além das casas destinadas a operários e funcionários da Cia Soares Hungria.
NO ALTO, A IGREJA – Dominando toda a vila e visualizando, nitidamente, os recantos de Itapetininga, a igreja de Sant´Ana, hoje elevada a Paróquia, antes restringia-se a uma pequena capela, adorada por milhares de fiéis e festejada, anualmente, no mês de julho, por toda população da cidade. E esta capelinha tem origem em fato real ocorrido na década de 1920, ocasião em que um incêndio de grandes proporções atingiu o depósito da Cia Soares Hungria, transformando em cinzas toneladas de algodão, sem que fosse conseguido debelar o sinistro.
No entanto, decorridos alguns minutos, quando os proprietários já procuravam contabilizar os prejuízos, eis que as chamas foram se reduzindo gradativamente até se apagarem por completo. E isso sem auxílio de espécie alguma.
Ao verificar o grande número de fardos e de algodão queimados, perplexos, os proprietários e funcionários notaram que o incêndio se extinguiu, justamente, onde havia uma capelinha com a imagem ¬de Nossa Senhora de Santana, completamente intacta e sem sofrer nenhum chamuscamento. O fato, considerado um verdadeiro milagre e, para agradecer e reverenciar a santa, os irmãos Acácio e Alcindo Soares Hungria construíram uma capela e um cruzeiro em homenagem à Sant’Ana que abençoa e protege ¬todo o recanto da vila, uma das mais adiantadas e progressistas de Itapetininga.
(*) crônica publicada no livro “Vivas Memórias – volume 1”