Cheguei em Lisboa no dia vinte e oito de junho de dois ml e dezenove. Eu estava acompanhado da minha esposa, Valdiné, e do meu neto, Jônathas. Fomos para o Hotel Roma, na rua Roma. Fomos conhecer a redondeza, pois o tempo é fugaz e passa rapidamente. O hotel fica ao lado da estação Roma. Roma, a eterna! Roma e a sua influência! Mais influência tem o Fernando Pessoa, o lisboeta, ou, no linguajar popular, o alfacinha.
Os versos do Pessoa estão nas falas das pessoas, em xícaras, copos, azulejos e bijuterias em geral. Lemos versos e mais versos do famoso poeta português de todos os tempos, como afirmou Cecília Meireles.
Eu já sabia de cor a poesia “Autopsicografia” e sempre recitei a primeira estrofe, como introdução da minha aula sobre o Modernismo Português: “O poeta é um fingidor, / finge tão completamente/ Que chega a fingir que é dor/ a dor que deveras sente. ”/
Quando cheguei as margens do rio Tejo, lembrei-me do Alberto Caeiro, uma vez que Pessoa “ não se limitou a viver a sua personalidade, desdobrou-se em outros diferentes, mas igualmente poderosos, realizando assim a obra de quatro poetas que fossem igualmente geniais”. Eis o poema que aflorou `a minha mente: “O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia. / Porque o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia”. /
Vi, as margens do Tejo, a Torre de Belém e lembrei-me de Belém, onde Jesus nasceu, mas tão longe da torre, pois Belém em que Jesus nasceu está no Oriente Médio. Belém vem de duas palavras hebraicas: Beit e lehem, isto é, casa do pão.
Nas bijuterias, vi, também o galo e ele aparecia em todos os lugares, com as cores preta, azul, vermelha e o bico na cor amarela. Quanto ao galináceo eu não sabia a razão, porém o português Reginaldo me contou. Disse ele que um peregrino saia de Barcelos a caminho de Santiago de Compostela. Foi acusado inocentemente e não sei por quem de um crime. Foi julgado e condenado e o juiz preparava-se para comer um galo assado perante o condenado no dia do enforcamento do pobre religioso. O peregrino, desesperado e cheio de fé, disse: “ É tão certo eu estar inocente como certo é esse galo levantar-se e cantar três vezes”. Todos os que ouviram riram com tal afirmação. Quando chegou a hora do enforcamento, o galo levantou-se e cantou três vezes, imitando o galo que Pedro, o apóstolo, ouviu, quando Jesus foi julgado. É a intertextualidade teológica. O juiz assustado e amedrontado soltou-o de imediato. Hoje, o galo é o símbolo da honestidade do português. Que lenda!
Nós, como cristãos, precisamos ser honestos e sinceros. O apóstolo Pedro, discípulo intrépido de Jesus, disse, numa exortação: “Amados, peço-vos, como a peregrinos e forasteiros, que vos abstenhais das concupiscências carnais que combatem contra a alma, tendo o vosso viver honesto entre os gentios…” (I Pedro 2:11,12)
Paulo, o apóstolo, exortou: “ A ninguém devais coisa alguma, a não ser o amor com que vos ameis uns aos outros; porque quem ama aos outros cumpriu a lei”. (Rom. 13:8)