D. Jacinta não era, todavia se tornou carola. Frequentava a igreja diariamente, porém aprendia pouco e o pouco que aprendia, não conseguia entender.
O seu guia espiritual, numa mensagem eloquente, tomando como base os escritos de Isaías, disse: “Certamente ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores ele levou sobre si; e nós reputávamos por aflito, ferido de Deus e oprimido.” (Isaías 53:4).
A homília foi linda, pois o Ministro destacou a pessoa de Cristo, uma vez que o texto é messiânico. Falou que Jesus é o único Redentor dos escolhidos de Deus e o único Mediador. Jesus é o Rei dos reis e Senhor dos senhores e como tal é soberano. Por fim afirmou que ele é Deus e só por meio dele temos a salvação eterna. Asseverou que para provar a sua divindade realizou uma série de milagres e sinais jamais vistos pelos seres humanos.
Ressuscitou Lázaro que já fazia quatro dias que estava morto. Curou um homem de quarenta anos e que nascera cego. Jesus é Deus e por isso deve ser honrado, respeitado, adorado, louvado e glorificado. A mensagem foi tocante.
Surgiu, no entanto, uma epidemia. As pessoas deveriam viver isoladas e, caso saíssem as ruas deveriam usar máscaras. Os idosos deveriam ser vacinados e ficar longe das crianças. D. Jacinta, no entanto, não quis se isolar e nem tomar vacina, pois interpretava erradamente as palavras da Bíblia, destacadas pelo Ministro do Evangelho: “Jesus levou sobre si as nossas enfermidades.”
Pedro, na sua carta, endereçada aos cristãos de todo mundo, disse:-“ e tende por salvação a longanimidade de nosso Senhor Jesus Cristo, como igualmente o nosso amado irmão Paulo vos escreveu, segundo a sabedoria que lhe foi dada, ao falar acerca destes assuntos, como, de fato, costuma fazer em todas as suas epístolas, nas quais há certas coisas difíceis de entender, que os ignorantes e instáveis deturpam, como também as demais Escrituras para a própria destruição deles.”(II Pedro 3:15).
Fui procurá-la e aconselhei a se isolar e tomar a vacina, pois como cristãos devemos preservar a vida e cuidar do nosso corpo. Ela, na sua simplicidade, me retrucou, dizendo: “Mas Jesus Cristo não é o mesmo ontem, hoje e eternamente.” Eu respondi que sim, pois é Deus e é o Redentor dos escolhidos de seu Pai.
Depois, tomando Mateus, li, pausadamente o relato do evangelista: “Chegada à tarde, trouxeram-lhe muitos endemoninhados e ele meramente com a palavra expulsou os espíritos e curou todos os que estavam doentes; para que se cumprisse o que fora dito por intermédio do profeta Isaías: ele mesmo tomou sobre si as nossas enfermidades e carregou com as nossas doenças.” (Mateus 8:16).
É interessante notar, D. Jacinta, a observação que fez Mateus, inspirado pelo Espírito Santo: “para que se cumprisse o que fora dito pelo profeta Isaías…” A profecia foi cumprida na casa de Pedro. Atualmente nós ficamos doentes e precisamos dos médicos e dos remédios. Paulo disse para Timóteo, pois na época a Medicina não estava tão desenvolvida: “Não continues a beber somente água; usa um pouco de vinho, por causa do teu estômago e das tuas frequentes enfermidades.” Paulo deixara Trófimo doente em Mileto e ele era um membro fiel da igreja. (I Timóteo 5:22 e II Timóteo 4:20) Tiago, irmão do Senhor, pede para que os membros da igreja orem pelos enfermos.
Depois, eu me despedi de D. Jacinta e o tempo todo que estive ao seu lado, ela só ria, com aquele sorriso amarelo. Li mais um texto da Bíblia e orei, pedindo a iluminação do Espírito Santo para todos nós. Como estava na época do coronavírus disse apenas um até breve de longe e abanei a mão direita, curvando-me com todo respeito.