Extravagante era o diálogo de Paulo Barbeiro

Eram conhecidos os salões de barbeiro em Itapetininga, cidade então com poucos habitantes e onde todos se conheciam quase familiarmente, a maioria frequentando os clubes Operário, Venâncio, Comercial (na rua Cel Afonso) ou 13 de Maio, espaços onde praticavam o lazer ou então “punham a conversa em dia”.
Mas nos bancos das farmácias ou então nas cadeiras de barbeiros é que as conversas ou futricas “arrevesadas” aconteciam, sempre surgindo novidades sobretudo relacionada à Itapetininga. Falava-se a favor ou contra cidadãos, política, situação econômica, esportes, traições e outros assuntos, por vezes de menos importância.
Animado e alegre eram os diálogos nos salões dos categorizados profissionais da tesoura, destacando os competentes Cli Halak, Fraquito, Eduardo Proença, Dito Gamela, Chinin, Ferrielo, Lúcio, José Guarnieri (no Venâncio Aires), Mateus, Marinho e muitos outros.
Capítulo à parte, sobressaia-se como figura exótica o “Paulo barbeiro” (nome fictício), estabelecido na rua Aristides Lobo, em frente a saudosa Loja de Salomão Abib. Figura conhecida em toda Itapetininga, por atitudes estranhas, usando terno bege, paletó justo abotoado, onde se destacava a protuberância de sua barriga. Andava em passos lentos, girando nos dedos uma corrente e cantarolando baixinho. Muitos o consideravam como portador de alguma deficiência mental, mas era respeitado e temido. Por vezes falava palavras indecifráveis, e mantinha conversações sem explicações.
Pois “Paulo barbeiro”, em determinada ocasião, entrou na Casa Cristal (na rua Campos Sales) de propriedade da família Giostri, onde se vendia artigos para presentes. Travou-se o seguinte diálogo, presenciado por muitas pessoas:
– Desculpe, disse Paulo à empregada, que veio ao seu encontro – a senhora vende pratos e copos. – É verdade, respondeu a moça – vendo pratos e copos.
-E não os parte? Perguntou Paulo barbeiro. – “Como?” Disse a funcionária, que julgou não ter entendido bem. – “Perguntei-lhe se não os parte” – repetiu Paulo.
– Eu não – disse a empregada sorrindo.
– Porque? São inquebráveis?
– Não! Disse a empregada, não são inquebráveis, partem-se.
– Mas a senhora não os parte? – Insistiu Paulo. Essa é boa! Não são inquebráveis e, se a senhora os deixar cair no chão, não se partem. Porque? São seus amigos?
– Ora essa- balbuciou a empregada que começava a se atrapalhar. Se os deixar cair partem-se. Mas eu nunca os deixo cair.
– Mas se não se partissem deixava-os cair, insistiu Paulo.
– Bem, se não se partissem deixava, talvez, gaguejou a empregada.
– Desculpe, mas a senhora não os deixa cair no chão, como sabe se não se partem. Para saber que se partem é necessário deixá-los cair no chão. Mas, e depois que se partem?
– Ora, aí é que está! Disse a empregada. – Bem, disse Paulo, vá a senhora pensando no assunto, que eu voltarei talvez amanhã, porque agora não tenho tempo para esperar. E o intrigante Paulo barbeiro afastou-se depois de ser cumprimentado com certo olhar de surpresa. Cantarolando e rodando a corrente entre os dedos.
Um famoso e competente professor de português da “Peixoto”, classificou Paulo barbeiro como “um verdadeiro fogacho” (manifestação de mau gênio, com muito arrebatamento).
Até agora ninguém sabe se aqueles pratos se “partiam” ou não, pois Paulo Barbeiro nunca mais voltou à loja e a funcionária jamais fez o teste. Porém a conversa ficou na história.

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